A linguagem da loucura é a loucura da linguagem em Maurício de Souza

Autor(es): Cleiton Juliano Leczmann Ribeiro; Rafael Patrik Procopiuk Walter; Thais Guedes de Carvalho

Professor(es) orientador(es) do projeto: Fábio de Carvalho Messa

Atividades formativas: PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

Curso: Linguagem e Comunicação - Licenciatura (Setor Litoral - N)


RESUMO

A personagem Louco Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira na HQ de Maurício de Souza, foi efetivamente criada por seu irmão Márcio Souza, também desenhista. Em 1973 surgia essa espécie de coadjuvante das histórias de Cebolinha, sempre na forma de um interlocutor que não compreende o que é dito e que também não é compreendido. Num tipo de alucinação de Cebolinha, o Louco se configura como um alter-ego despojado da personagem, um espectro da transgressão do diálogo e da extravagância da linguagem. O Louco ficou conhecido por suas atuações absurdas e inusitadas, por sua forma sempre disfuncional de comunicação com o Cebolinha. Este trabalho analisa alguns quadrinhos com o Louco, levando em conta que a linguagem da loucura se dispõe, pelo menos, de duas possíveis formas. A primeira, num processo em que o interlocutor A tenta interpretar literalmente o que é dito conotativamente pelo interlocutor B, ou vice-versa – quando o interlocutor A interpreta conotativamente o que é expresso denotativamente pelo interlocutor B. A segunda forma de "manifestação" da loucura na instância da linguagem se dá no fenômeno da hiperbolização de algumas expressões utilizadas ou interpretadas pelo Louco, ou na ocorrência de personificações e coisificações de expressões verbais. Dá-se forma iconográfica a expressões que seriam supostamente verbais. Assim, numa perspectiva semântico-pragmática, as falas do louco são resultado de leituras equivocadas dos enunciados proferidos por Cebolinha. E estes equívocos constituem-se num diálogo hilário, no qual nenhum dos interlocutores partilham dos mesmos sentidos contextuais. Desta forma, trabalhar com HQs do Louco, de Maurício de Souza, na escola, pode ser um grande desafio para o professor de língua envolver os alunos não só na discussão temática sobre concepções e formas de representação da loucura, mas principalmente para fazê-los compreender como ocorrem os fenômenos conotativos, vislumbrando-os em suas diferentes ocorrências, identificando seus componentes lógicos e retóricos.

Palavras-chave: Perspectiva semântico-pragmática, Hiperbolização, Fenômenos conotativos