RESUMO

Como o sub-projeto Pibid 2011– Língua Portuguesa surgiu com o intuito de fomentar a discussão e abordagem da variação linguística em sala de aula, vimos que se tornou necessária uma reflexão assistida com os alunos, sobre o poder que a língua exerce, seja este social ou político, e como isso pode ser analisado no dia-a-dia. Sob esta perspectiva nós, alunos de licenciatura do curso de Letras-Português-UFPR, conduzimos algumas atividades em duas turmas do 1º ano do ensino médio, do Colégio Estadual Santa Gemma Galgani. Foram elaboradas propostas em vários níveis, desde a história da origem e evolução da língua portuguesa até seus diferentes usos e como a dimensão ideológica está neles implicada. No que tange à reflexão sobre o papel político na realidade do aluno, gerenciamos uma análise crítica a respeito do novo acordo ortográfico, mostrando seu papel político no mundo e também conduzindo os alunos a uma análise da língua hoje, que se reflete numa concepção preconceituosa em torno de determinadas variedades linguísticas. Para essa discussão, utilizamos como fundamento proposições de Marcos Bagno, em seu livro "Preconceito linguístico", principalmente os mitos apontados pelo autor, existentes na língua portuguesa. Sobre a perspectiva da variação linguística, as aulas foram pautadas também na análise feita no livro "Fala e Escrita", organizado por Luiz Antônio Marcuschi, acerca das diferenças existentes entre língua falada e língua escrita, desconstruindo a visão maniqueísta em que a fala é vista como caótica e desregrada. O autor propõe um continuum para distinguir a língua falada e a língua escrita nos mais variados contextos de produção. A partir dessas considerações feitas sobre a variação, as aulas foram conduzidas a uma reflexão sobre a linguagem da internet atualmente, chamando a atenção dos alunos sobre o importante papel que a escrita representa numa cultura letrada. Partindo da premissa de que a oralidade e a escrita devem ser observadas nas situações reais de usos da língua, apontamos o caráter ideológico inerente a todo e qualquer texto, seja oral ou escrito, mostrando-lhes que em todo discurso subjaz uma ideologia. O objetivo de todas essas reflexões acerca da língua foi contribuir para um processo de leitura e de escrita mais crítica e alertar também que, segundo Bakhtin (1992, p. 123), "a interação verbal constitui a realidade fundamental da língua".

Palavras-chave: Língua, Variação, Educação