RESUMO

Dentre os bairros de Curitiba, o Cajuru é um dos três mais populosos, atualmente contendo aproximadamente cem mil moradores. O bairro manteve características rurais até o início da década oitenta, porém o início da ocupação urbana foi dada de maneira densa, durante a década de setenta, com a implantação de conjuntos habitacionais, mesmo assim o bairro manteve características rurais até a década de oitenta. Durante a década de noventa ocorreu a segunda onda de ocupação, quando surgiram as primeiras ocupações irregulares principalmente em áreas sujeitas à inundação. Pelo Cajuru passam dois rios (Atuba e Iguaçu) e cinco córregos (Jardim Natália, Jardim Mercúrio, Jardim Acrópole, Capão da Imbuia e Teófilo Otoni). O presente trabalho foi realizado para saber quais são as representações sociais, segundo a teoria de Moscovici, de rios e córregos no bairro Cajuru, analisando desenhos de duzentas e trinta e quatro crianças estudantes do 5º ano de nove colégios e escolas do bairro. O trabalho também analisa relatos de três moradores adultos que descrevem o local durante as décadas de sessenta, setenta e oitenta. Os desenhos representam a realidade dos rios e córregos da região e também de como as crianças desejariam que eles estivessem. Foram abordadas diversas questões quanto ao reconhecimento de rios no local, sua importância, o que está relacionado com eles, entre outros aspectos analisados. Os dados nos permitem concluir que as crianças não reconhecem os rios e córregos da região como estruturas naturais, principalmente pelo estado degradado que estão. As crianças também demonstraram o desejo de que estes locais deixassem de ser destinados a esgoto, lixo e criminalidade e passassem a ser locais conservados, com beleza natural e possibilidades de lazer, o que se assemelha aos relatos de infância dos adultos participantes.

Palavras-chave: Representação social, Crianças, Rios