RESUMO

A análise dos conflitos socioambientais consolidou-se no contexto político internacional na década de 1970, com a I Conferencia da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, para avaliar a situação ambiental no mundo e mostrar soluções. Desse contexto resultou-se a criação de inúmeras Unidades de Conservação UCs no Brasil que, por um lado, amenizaram a destruição da natureza e, por outro, desencadearam conflitos socioambientais, restringindo atividades tradicionalmente inseridas nestas áreas. Assim, o presente estudo tem como objetivo analisar os conflitos socioambientais no município de Guaraqueçaba – PR decorrentes do modelo e execução de políticas de proteção ambiental e a pequena produção agrícola tradicionalmente realizada na região, utilizando como metodologia o levantamento bibliográfico e base de dados secundários. Segundo Zhouri (2010), os conflitos socioambientais decorrem das diferentes práticas de apropriação técnica, social e cultural do mundo material, revelando distintas visões sobre a utilização do espaço, para os grupos sociais envolvidos, devido a sua própria forma de adaptação, ideologia e modos de vida que entram em choque com as formas de outros grupos. A área de estudo situa-se no Litoral do Paraná onde as UCs abrangem 82% do espaço territorial, assegurando a proteção da Floresta Pluvial Atlântica naquele território. Guaraqueçaba possui a maior extensão territorial destinada à área de proteção ambiental (98%). No meio rural, suas principais atividades econômicas são: a agricultura, a pecuária, a silvicultura, a exploração florestal e a pesca. Estas atividades ocupam 1.431 trabalhadores, representando mais da metade da população trabalhadora local de aproximadamente 2.831 (IPARDES, 2010). A produção agrícola baseia-se principalmente no cultivo de banana, mandioca, arroz, palmito, cana-de-açúcar, feijão, maracujá, milho e tangerina. Segundo Andriguetto (2002), o modelo de agricultura desenvolvido em Guaraqueçaba é tradicional, com baixo nível tecnológico, baixa variedades de produtos e baixa inserção no mercado, correspondendo a uma agricultura de subsistência. Esta produção agrícola vem sendo reduzida após a demarcação das áreas de proteção, pois estas geraram restrições ambientais legais, em especial a pequenos produtores, fazendo-se pensar em estratégias que conciliem a proteção dos recursos naturais com uma agricultura que assegure a melhoria socioeconômica dos produtores.

Palavras-chave: Conflitos Socioambientais, Agricultura Familiar, Guaraqueçaba - PR