O DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS DA NATUREZA EM LUCRÉCIO E LUCANO

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Aluno de Iniciação Científica: Flavia Fróes da Motta Budant (PIBIC/UFPR-TN)

Curso: Letras - Port/Alem/Ital/Grego ou Latim (M)

Orientador: Alessandro Henrique Poersch Rolim de Moura

Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80209009


RESUMO

Este trabalho pretende abordar as relações entre os discursos das ciências naturais e a literatura de Lucano e de Lucrécio. A Farsália de Lucano, que narra a guerra civil entre César e Pompeu, se diferencia das outras épicas, como a Eneida ou a Ilíada, por não ter deuses como personagens e fatores decisivos no destino da trama. Isso pode ser encarado como um traço racionalista, de modo que já podemos ligá-lo de alguma maneira, mesmo que superficialmente, à poesia materialista de Lucrécio. O De Rerum Natura, sobre a natureza das coisas, busca dar explicações físicas, biológicas e psicológicas aos fenômenos naturais, tais como os choques das partículas, a formação das tempestades e as paixões humanas. O aspecto diferenciador de Lucrécio está na escolha da forma para a transmissão do conteúdo filosófico epicurista. Como Epicuro teria se oposto à poesia (embora a oposição se relacione mais à poesia homérica), a opção do romano pareceria contraditória. Ele utiliza o didatismo e o lirismo para desvelar os mecanismos da Natureza, sempre prestando tributo ao mestre (há proêmios dedicados a Epicuro, semelhantes a hinos para deuses). Através da leitura, do fichamento e da discussão dos textos mais importantes a respeito dos dois autores – e também a respeito da temática "ciência e poesia" – chegamos a traços comuns e a traços específicos em relação à abordagem das ciências da natureza. Deve ser enfatizado no estudo da Farsália a maneira como a Natureza se manifesta e como isso pode ser interpretado. No De Rerum Natura, é interessante notar como o poeta aproveita as técnicas retóricas para a transmissão de um conteúdo mais técnico, até mesmo refutando muitas teorias filosóficas comuns em Roma à época. Dessa maneira, estudar as técnicas de argumentação e ilustração dos dois autores servirá para compreender melhor como os antigos lidavam com o conhecimento acerca do funcionamento da Natureza.

Palavras-chave: Poesia Épica, Ciências da Natureza, Filosofia