THOMAS BERNHARD NO BRASIL: A RECEPÇÃO ACADÊMICA E AS TRADUÇÕES DE SERGIO TELLAROLI
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Aluno de Iniciação Científica: Yuri Kulisky (PIBIC/CNPq)
Curso: Letras - Port/Alem/Ital/Grego ou Latim (M)
Orientador: Ruth Bohunovksy
Departamento: Letras Estrangeiras Modernas
Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes
Área de Conhecimento: 80208002
RESUMO
O austríaco Thomas Bernhard (1931-1989), é reconhecido como um dos autores mais importantes da literatura ocidental. Sua obra ainda é pouco discutida no Brasil, embora muitos de seus romances já tenham recebido versões para o português. Sua obra ficcional recebeu traduções pontuais ao longo de 22 anos, período cujo início é marcado pela tradução de Árvores Abatidas, por Lya Luft, em 1991. Nesse período, um dos tradutores mais prolíficos da obra de Bernhard foi Sergio Tellaroli, responsável pela tradução de quatro obras do autor. No âmbito deste projeto, pretende-se, em primeiro lugar, a discussão e delimitação do projeto de tradução que Tellaroli estabeleceu diante das especificidades do autor. Para tal, empreendeu-se uma crítica das traduções. Para evitar uma crítica que operasse apenas negativamente, ou seja, que apontasse somente para as ausências e os "erros" da tradução, tentou-se compreender de que modo o tradutor modulou seu discurso e colocou-o em um contato produtivo com o original. Os trabalhos de Bernhard têm um forte traço "performativo", através do qual o autor pretendeu criticar determinadas facetas ideológicas de seu país. Para melhor delimitar o funcionamento desse traço na obra do autor, e compreender de que forma ele participa de uma dinâmica, quando passa de uma cultura a outra, recorreu-se à crítica acadêmica. Com o resultado geral das análises, foi possível estabelecer algumas diretrizes para um outro projeto de tradução, que não constitui uma crítica ao projeto de Tellaroli, mas que aponta para outros aspectos da obra de Bernhard e esforça-se em dinamizar sua imagem. O alvo foi a fase inicial do autor, ainda pouco conhecida, e um aspecto formal de sua obra que é sempre apontado pela crítica, mas nunca devidamente discutido: a organização dos ritmos e timbres. Elegeu-se, portanto, o livro de contos Ereignisse como um campo de experimentações. A coadunação da crítica e da tradução resultou na discussão de alguns aspectos da poética do autor; por exemplo, da posição do narrador, do aspecto humorístico e lacônico de algumas de suas obras, da capacidade performativa de sua linguagem e do uso criativo de especificidades da língua alemã.
Palavras-chave: Thomas Bernhard, Tradução, Literatura Austríaca