DEFESA DO PRESENTE: RELAÇÃO TEMPORAL EM O IMORTAL DE MACHADO DE ASSIS E O PRESIDENTE NEGRO DE MONTEIRO LOBATO

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Aluno de Iniciação Científica: Vinicius Lima Figueiredo (PIBIC/UFPR-TN)

Curso: Letras - Espanhol ou Português com Espanhol (M)

Orientador: Renata Praça de Souza Telles

Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80206000


RESUMO

O objetivo desta pesquisa é o estudo do gênero Ficção Científica e seu papel dentro da Literatura Brasileira, além de, em uma análise comparativa entre duas obras de épocas distintas, tecer reflexões socioculturais mínimas que justifiquem a importância do mesmo, como leituras do futuro desse passado Para tanto, pesquisou-se, primeiramente, obras brasileiras que fossem indicadas como pertencentes ao gênero. Foram encontradas duas referências majoritárias, a primeira ao conto "O Imortal", de Machado de Assis, indicado, por alguns, como possível de ser lido como Ficção Científica, e a segunda ao romance "O Presidente Negro", de Monteiro Lobato, obra já classificada pela crítica – e pelo próprio autor – como sendo pertencente ao gênero. Antes de os textos serem analisados, surgiu a necessidade de questionamento quanto à classificação exata de Ficção Científica como gênero literário, o que exigiu uma pesquisa bibliográfica para solucionar tal lacuna teórica, chegando-se assim à elaboração de uma definição própria, sendo ela, em síntese: "obra literária dotada de um jogo temporal (presente/passado/futuro) fundamentado em um aparato tecnológico inovador que possibilite uma crítica ao tempo presente do autor". A leitura do texto "O Imortal", publicado em capítulos na revista A estação, no ano de 1882, buscou averiguar a hipótese de leitura traçada no início da pesquisa, confirmando a possibilidade de ler o conto de Machado de Assis sob a perspectiva da Ficção Científica, testando assim a definição elaborada sobre o gênero sem, no entanto, eliminar a riqueza de outras possibilidades de leitura abertas pela obra. Já a leitura do texto de Lobato, publicado em capítulos no jornal A manhã, no ano de 1926, buscando confirmar as hipóteses verificadas em Machado, revelou-se surpreendente. O romance sempre apontado como pertencente à Ficção Científica em estudos anteriores provou não conter os elementos fundamentais da definição formulada na presente pesquisa. Desse modo, a análise detida dos textos literários nos levou, na etapa de conclusão da pesquisa, a um retorno à problematização da definição do gênero.

Palavras-chave: Ficção Científica, Machado de Assis, Monteiro Lobato