A QUESTÃO DE GÊNERO NO DISCURSO DE FEMINISTAS ANTIAUTORITÁRIAS

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Aluno de Iniciação Científica: Luisa Mouzinho Santos de Oliveira (PIBIC/CNPq)

Curso: Letras - Português (N)

Orientador: Gesualda de Lourdes dos Santos Rasia

Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80100007


RESUMO

Dentro da luta feminista contemporânea, observa-se uma preocupação e um questionamento em torno da linguagem. Esse questionamento ora se mostra de forma explícita, através de textos teóricos sobre o assunto, ora de maneira implícita, através de certas escolhas feitas durante um discurso que não tem como tema principal a linguagem. Essa pesquisa de iniciação científica tem o intuito de olhar para esse segundo caso e observar como o questionamento sobre gênero (entendido aqui como construção social de um imaginário de feminilidade e masculinidade) se marca nesses discursos. O estudo analisou textos contemporâneos em português brasileiro escritos por feministas antiautoritárias difundidos através de material independente em formato zine (publicação caseira que contém entre 8 e 40 páginas e que comumente trata de críticas sociais), coletados em eventos antiautoritários que ocorreram entre março de 2012 e fevereiro de 2013. O aspecto privilegiado para análise foi a representação do neutro (gênero linguístico) nos casos em que o referente é um ou mais seres humanos. Há um incômodo, por parte das feministas antiautoritárias, acerca do neutro que refere a seres humanos pelo fato dele, no português, ter a mesma forma que o masculino (por exemplo, "Todos os alunos devem fazer a prova" para se referir a pessoas do sexo masculino e feminino ou "O médico está ampliando seu campo de trabalho" para se referir à profissão da medicina, exercida por homens e mulheres). As estratégias para sua recriação são diversas, de modo que aquelas que mais apareceram foram o uso do x (xs alunxs), do @ (@s alun@s) e do feminino (as alunas). Além de mapear essas estratégias, foi observada a possível correlação entre cada uma dessas marcas com uma corrente feminista específica, no caso, Feminismo Radical ou Teoria Queer. Tal correlação não foi encontrada, especialmente pelo fato dessas duas correntes não representarem uma oposição binária dentro do movimento, mas aparecerem como linhas de força. Não há como negar, porém, a correlação dessas marcas com o movimento feminista antiautoritário de uma maneira mais ampla, enquanto posicionamento histórico-político. Como aporte teórico utilizou-se os estudos de Análise do Discurso, bem como teóricas representativas do feminismo radical e da Teoria Queer.

Palavras-chave: Linguagem, Análise do Discurso, Gênero