RESUMO

Pretende-se com esse estudo compreender a vivência do luto, enfaticamente, a possibilidade de ressignificação da forma como se dá a relação eu-tu, diante da supressão do tu. A proposta do trabalho é refletir, sob uma perspectiva fenomenológica, sobre como esse fenômeno é percebido, experienciado e de que forma essa relação pode ser ressignificada. O projeto foi desenvolvido com base em uma ampla revisão bibliográfica contemplando os temas: morte e luto. Bem como de dados coletados a partir de entrevistas feitas com treze participantes do grupo "Amigos Solidários na Dor do Luto". À vista disso, procurou-se descrever os sentidos do luto e suas repercussões psicológicas nessas participantes focando, sobretudo, em atitudes, práticas e crenças que contribuam para a amenização do sofrimento causado pela morte de um ente querido e para a percepção de novas possibilidades de existir que, à princípio, parecem ceifadas diante da morte do outro . A possibilidade de dar testemunho, crenças religiosas, a identificação com outras pessoas que vivenciaram a mesma experiência, a temporalidade, participação em grupo de apoio, o engajamento em algum movimento ou causa que tenha alguma relação com o familiar falecido, apoio psicológico e estabelecimento ou manutenção de relações significativas são elementos apontados pelas entrevistadas como úteis no sentido de colaborar para a sustentação do sofrimento e reconstrução de sentido para suas existências. Nesta pesquisa, entende-se a possibilidade de ressignificação da relação eu-tu (entre morto e enlutado), partindo da premissa de que o luto não termina com uma "resolução", com a volta à vida que o sujeito vivia antes da perda e sim com a incorporação deste evento na vida do enlutado, de tal modo que possa seguir a vida adiante com uma conexão contínua com o falecido, que não o impeça de continuar a avançar na vida.

Palavras-chave: Luto, Fenomenologia, Ressignificação