A FUMICULTURA NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS FAXINALENSES DA REGIÃO DE PRUDENÓPOLIS: UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS.

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Aluno de Iniciação Científica: Adriane de Andrade (PIBIC/CNPq)

Curso: Geografia (N)

Orientador: Jorge Ramón Montenegro Gómez

Departamento: Geografia

Setor: Setor de Ciências da Terra

Área de Conhecimento: 70601020


RESUMO

O Brasil é o segundo país, maior produtor de fumo do mundo. Segundo o SINDITABACO, o Paraná é o terceiro maior produtor do país, com concentração do plantio na região Centro-sul do estado. Segundo a ANFUBRA, no Paraná existem 36.110 famílias que produzem tabaco. Em Prudentópolis, município da nossa pesquisa, são 2.050 famílias, portanto, 31% das famílias com pequenas propriedades rurais que participam da produção. Nesse cenário se encontram também as comunidades tradicionais faxinalenses. Os faxinais são uma forma de organização camponesa, onde a ocupação do território foi determinada pelo uso da terra em comum, apesar da propriedade da terra ser privada. Internamente, o que caracteriza o faxinal, é o seu sistema de manejo das criações (solta) em área comum (criadouro comum), e a forma de organização sustentável. Essas comunidades são responsáveis por contribuírem com a manutenção da paisagem florestal nativa de Araucária. Segundo SOUZA (2009), no Paraná existem pelo menos 227 faxinais, com diferentes formas de organização e de intensidade nas práticas comunitárias. Devido à devastadora modernização da agricultura e o avanço das monoculturas, como soja, pinus e o fumo, esta forma de ocupação territorial tradicional tem dificuldades de se manter nos dias de hoje. Junto a esse fator, somou-se a falta de ações do Estado. Apesar de ter se instituído a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável (2007) para estes povos e comunidades ainda não há medidas efetivas, pois os diretos destas comunidades têm sido considerados como entraves ao desenvolvimento do país, resultando em conflitos ambientais territoriais. O objetivo principal da pesquisa é analisar as transformações que afetam a sustentabilidade do faxinal, identificando as alterações socioeconômicas e ambientais geradas pela introdução da fumicultura. A pesquisa está na fase inicial, de análise documental, tendo como recorte espacial a região de Prudentópolis. O próximo passo será a definição das comunidades faxinalenses, seguido pela técnica de observação em campo para se efetuar a coleta de dados, e se obter uma proximidade com o objeto. Os mecanismos utilizados serão: entrevistas não-estruturadas, com objetivo de explorar mais intensamente o assunto, assim como as historia oral dos camponeses. Nesse cenário, a pesquisa terá continuidade na compreensão de quais são os principais conflitos relacionados ao fumo, a desagregação do sistema faxinalense, a questão da dependência, relacionada ao financiamento e endividamento, e os problemas ambientais, surgidos com o avanço desta monocultura.

Palavras-chave: Faxinal, fumicultura, Conflitos Socioambientais