AS ALFORRIAS NOS TESTAMENTOS E INVENTÁRIOS – PARANÁ, 18601888

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Aluno de Iniciação Científica: Carla Fernanda dos Santos (PIBIC/CNPq)

Curso: História (T)

Orientador: Joseli Maria Nunes Mendonça

Departamento: História

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 70505020


RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo abordar as relações sociais de escravidão na comarca de Curitiba, no período de 1860 a 1888, problematizando as manumissões de escravos registradas em inventários e testamentos. O tema da alforria é fartamente abordado pela historiografia brasileira, e grande parte dos pesquisadores em questão percebem a relevância que a morte do senhor representa no desenvolver das circunstâncias em torno deste dispositivo. Sendo assim, explorar estes documentos post-mortem se mostra um exercício de fundamental importância para a compreensão deste universo; além disso, um documento de expressiva riqueza de dados e informações constitui normalmente um anexo aos inventários: a matrícula de escravos. A escravidão paranaense, no contexto brasileiro, mostra-se peculiar diante daqueles plantéis de áreas agro-exportadoras, como o Rio de Janeiro e o Nordeste, pelo papel secundário desempenhado pela província na economia do país. A historiografia referente à escravidão neste local aponta a existência de pequenas escravarias e muitos senhores, constituindo um locus social bastante hierarquizado. A pesquisa com as fontes conservadas no Arquivo Público do Paraná (DEAP) confirmam esta tese, pois, dentre os 680 inventários examinados, as três maiores escravarias encontradas eram compostas por treze escravos, número bastante diminuto em relação às áreas de plantation. Observou-se também que a tendência da média de preço dos homens, aproximadamente 500$000, era consideravelmente maior que a das mulheres, de 390$000, intensificando-se a diferença nas idades mais avançadas onde, após os 45 anos, os homens valiam em média 460$000, e as mulheres, 284$933. Essa diferença se dá, provavelmente, pelo fim da idade reprodutiva de mulher juntamente à maior força de trabalho braçal reconhecida, então, no homem. Quanto às tendências à alforria, a pesquisa nas fontes demonstrou que não havia grande diferenciação entre os sexos. No espaço de uma década da documentação, os números de manumissão em função de sexo e idade são bastante semelhantes: para os homens e mulheres entre 15 e 45 anos, maioria substancial da amostra, foram quatro alforrias concedidas para grupos de 41 e 39 indivíduos, respectivamente. Através da metodologia escolhida – leitura, fichamento, transcrição e confecção de tabelas de dados –, esta pesquisa vem sendo desenvolvida com o propósito de investigar nas fontes as relações escravistas na segunda metade do século XIX.

Palavras-chave: Escravidão, Alforria, Inventário