A EDUCAÇÃO DE MENINOS NOBRES EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII

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Aluno de Iniciação Científica: Luana Oberst Angelotti Bastos (PIBIC/CNPq)

Curso: História (T)

Orientador: Antonio Cesar de Almeida Santos

Departamento: História

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 70503001


RESUMO

O século XVIII, ambiente do Iluminismo, em Portugal e em toda a Europa foi permeado por transformações. O Iluminismo, do qual herdamos a forma de pensamento e de política, foi calcado nos conceitos de razão e progresso, tendo sido crítico do Absolutismo e da Igreja Católica e se apresentando como um "movimento de ideias" heterogêneo e autocrítico. A Península Ibérica foi considerada, por diversos pensadores da época, como "atrasada". No caso específico de Portugal, porém, a propagação de ideias iluministas se deu pela controversa figura do Marquês de Pombal que, apesar ter sido considerado de limitado esclarecimento, tirano e despótico, foi tido por historiadores portugueses do século XIX como a "personificação do espírito das luzes", de um despotismo racional para enfraquecer o poder da nobreza, dos ingleses e dos jesuítas. Nesta pesquisa procuramos investigar a concepção de educação para a formação da nobreza portuguesa na segunda metade do século XVIII, realizando uma análise comparativa entre os "Apontamentos para a educação de um menino nobre" (1734), de Martinho de Mendonça de Pina e Proença e as "Cartas para a educação da mocidade" (1760), escritas por Antonio Nunes Ribeiro Sanches, utilizando também os "Estatutos do Real Colégio de Nobres" (1761). Os "Apontamentos", encaixados dentro da tradição medieval de espelhos de príncipe, voltam-se para a educação da nobreza, tratando da educação física, moral, intelectual e um ideal de ordem, apontando para uma necessidade de moderação e virtuosidade. Nas "Cartas", seu autor apresenta uma história do ensino e da pedagogia na Europa desde o início do cristianismo, com o objetivo de justificar uma educação sob a guarda do Estado, defendendo a laicização do ensino e da sociedade e propondo uma mudança nos hábitos sociais da nobreza, com o enfoque na instrução, na tolerância e na utilidade pública. Por sua vez, os "Estatutos" estabelecem a criação de uma escola na qual seriam educados os jovens filhos das famílias nobres portuguesas, que deveriam ficar sob a tutela e proteção do rei. Da análise dos documentos, verifica-se que Proença escreve orientações para uma educação doméstica, pois era o costume da nobreza portuguesa e, apesar de demonstrar preocupação com a formação de pessoas úteis à vida civil, ele não se contrapõe à influência da Igreja na educação. Ribeiro Sanches, por outro lado, denuncia o domínio clerical no ensino, apresentando-se imerso nos ideais iluministas de laicidade. Os Estatutos, em larga medida, mostram como as ideias expostas por Sanches foram apropriadas pelo Estado.

Palavras-chave: Iluminismo, Educação, Portugal