RESUMO

O contexto que é pano de fundo para o cavaleiro perscrutado nessa análise, situado no século XIV, observa uma série de mudanças em relação aos períodos anteriores no que concerne às posturas assumidas pela cavalaria e admitidas pela sociedade da época; tendo este panorama como fundo está Bertrand Du Guesclin (1320 – 1380), cavaleiro que ascendeu da pequena nobreza bretã ao posto de segundo homem mais importante do Reino de França em 1370. A proposta pretendida para o trabalho, portanto, é a de relacionar a trajetória e o perfil deste cavaleiro – mapeados a partir de fontes como a Crônica de Dom Fernando, do cronista português Fernão Lopes (1380? – 1460), e a Crônica do Condestável, de Pero Lopez de Ayala (1332? – 1407?) – às novas "exigências" impostas pela sociedade da época à sociedade cavaleiresca, analisando os ideais remanescentes de cavalaria à luz dos ideais emergentes no panorama tardo-medieval. Como obras de referência no que tange à análise de alguns valores da cavalaria, são utilizadas principalmente as obras "Guilherme Marechal ou o Melhor Cavaleiro do Mundo", de Georges Duby, o "Libro de l'ordo de cavalleria", do escritor catalão Ramon Llull e o livro "A Cavalaria", de autoria de Jean Flori. Percebe-se, a partir de sua trajetória de vida, que Bertrand assumiu uma postura que, apesar de contrária a alguns manuais de comportamento cavaleirescos, era bem-vista por aqueles que dele esperavam bons resultados nas manobras de guerra e diplomacia, em especial pelo rei de França Carlos V, que lhe concedeu grandes missões em nome do reino – a submissão do ducado da Bretanha e o auxílio na disputa fratricida pelo trono de Castela, por exemplo – e que, depois dessas vitórias retumbantes, concedeu-lhe também as maiores honrarias possíveis para um cavaleiro de seu tempo.

Palavras-chave: Cavalaria, Tardo-Medievo, Guerra dos Cem Anos