RESUMO

A perda, ou mais especificamente ‘a retórica da perda' (GONÇALVES, 2003), é uma temática constante sempre que falamos a respeito de patrimônio cultural, material ou imaterial; uma temática que se repete tanto nos discursos dos acadêmicos e dos agentes oficiais ligados a questões patrimoniais quanto no discurso da população local que interage cotidianamente com o objeto cultural em questão. Esta comunicação tem por objetivo discutir as diferentes formas de apropriação e de acionamento dos discursos centrados na temática da perda pelos agentes da religiosidade popular de Rebouças – PR. Para tanto, apresenta diferentes formas que a "perda" assume no discurso de Capelões, Romeiros e Detentores de Ofícios Tradicionais de Cura (categoria que inclui benzedeiras, benzedores, curadeiras, curadores, rezadeiras, remedieiros, costureiras e costureiros de rendidura e parteiras). O texto, ainda, propõe diversas possibilidades de interpretação deste discurso e do que nele é atribuído à "perda". Essas possibilidades de interpretação buscam se aproximar das diversas significações deste discurso, que atravessa várias dimensões da vida destes sujeitos. Para tanto, analisamos as diferentes formas destas narrativas que inicialmente partem de questões práticas, mas trazem consigo uma discussão moral e cosmológica de sua sociedade contemporânea. Além da dimensão moral e cosmológica este discurso apresenta também questões fundamentais do papel social executado pro estes sujeitos e os modos como as transformações sociais vêm transformando-os, afetando, também, intimamente as questões de identidade que eles mantêm com sua comunidade. Esta pesquisa se realizou através de três curtos períodos de trabalho de campo, em julho e novembro de 2012 e janeiro de 2013, além de revisão bibliográfica, análise de documentos e realização de entrevistas.

Palavras-chave: Religião Popular, Perda, Identidade