A REPRESENTAÇÃO MATERNA NO DISCURSO CINEMATOGRÁFICO: A RELAÇÃO DA MÃE E SEU FILHO "MARGINAL-DELINQUENTE"

1161

Aluno de Iniciação Científica: Marcelo Francisco (IC-Voluntária)

Curso: Ciências Sociais (M)

Orientador: Lennita Oliveira Ruggi

Departamento: Teoria e Fundamentos da Educação

Setor: Setor de Educação

Área de Conhecimento: 70200009


RESUMO

O presente trabalho discute a representação cinematográfica do filme "O contador de histórias" (2009), de Luiz Villaça, e "Última parada 174" (2008), de Bruno Barreto, no que tange o imaginário da relação: figura maternal "filho delinquente". Pretende-se debater os signos da figuração do delinquente, a qual é associado marginalidade social à criminalidade, e a relação deste com a figura materna recurso cinematográfico que, em geral, humaniza a representação do "marginal-delinquente". Observa-se que o estereótipo do delinquente, compartilhado de forma imagética pelo cinema brasileiro (negro, morador da periferia urbana, pobre), é parte integrante do imaginário social do pretenso criminoso, à lá Coelho (2005). Representações performáticas e ficcionais que produzem e reproduzem a mítica representação do delinquente. Em meio a isso, a representação cinematográfica apresenta elementos imagéticos de discurso que "humanizam" a figura do "delinquente", na medida em que aponta a construção social do "criminoso" e sua relação familiar. Assim, a representação da figura materna é acionada, diversas vezes, enquanto imagem da mulher afetuosa que busca "resgatar" o "filho delinquente". Nesse quesito, observamos a figura da personagem Margherit Durvas (do filme: O contador de histórias) que adota Roberto lhe proporcionando afeto, educação escolar; além de condições socioeconômicas típicas da classe média. Desse modo, Roberto tem sua redenção a partir do "amor de mãe" expresso por Margherit – o que propicia condições objetivas e subjetivas para que ele, por fim, adentre à "boa sociedade". No tocante de outra trama, a trajetória de Sandro (do filme: Última parada 174) passa por outras nuances e desencadeia num desfecho fatalista; é significativo que sua epopeia trágica tenha se iniciado com a morte de sua mãe, provocando forte trauma em Sandro. Relevante, também, é a representação da tia (que o adota) que busca compreendê-lo e, de outro lado, do tio que perpetua uma relação de conflito que desemboca na fuga de Sandro da casa do/a tio/a. O que remonta a figura da mulher enquanto personagem afetuosa, com potencialidade de "resgatar" o jovem do "mundo do crime" e, por vezes, a representação de refugio seguro para os momentos difíceis deste jovem. Assim, duas representações sociais são acionadas pelo discurso imagético do cinema, a representação do delinquente proveniente de processos de marginalidade social e, em interação com este, o imaginário da mãe afetuosa. Cabe pensar os meandros pelos quais essas representações (re)constroem de forma simbólica a realidade social.

Palavras-chave: Representação Cinematográfica, Figura Materna, Marginalidade Social