RESUMO

Mestre Eckhart apresenta nas questões parisienses a sua tese metafísica principal, já na primeira questão em que se pergunta se o ser e o conhecer em Deus são idênticos acaba ele por se posicionar contra Tomás de Aquino ao afirmar que Deus não conhece por que é, e sim é porque se conhece. Para Eckhart se for observada a ordem das criaturas se chegará a um conceito adequado de ser, mas quando trata-se de Deus se está lindando com uma ordem superior a ordem do existir, pois existir é próprio das criaturas e portanto, o ser só se encontra na divindade sob a consideração desta ser a causa das criaturas. Nas Questões Eckhart postula que Deus é puro de toda a existência e por essa pureza ele pode ser a causa de todo ente criado, Ele possui em sua própria pureza, no que Eckhart entende por deserto da Deidade a perfeição de ser causa do todo e por isso deve-se negar de Deus a totalidade do ser para desta forma poder-se afirmar dele a condição de ser a causa primeira de tudo. E esta anterioridade e pureza em relação ao existir, Eckhart identifica com o ato de intelecção. Por fim, este quadro encontra o seu lugar dentro da moldura da teologia trinitária ekhartiana em a trindade é a auto manifestação da Deidade sem qualificação, em que a primeira pessoa da trindade, o Pai gera a si mesmo ao se auto conhecer. O Pai por se auto inteligir gera uma Palavra, dessa forma Ele gera o Filho, ao qual é por apropriação a Vida e ambos espirram o Espírito para o qual é apropriado o Ser. Assim da unidade não naturada o Pai que é a intelecção de si se torna para Eckhart o fundamento do ser Divino e do ser criado. O presente trabalho tem por objetivo geral propor uma investigação mais aprofundada da identificação efetuada por Mestre Eckhart de Deus com o ato intelectivo, e a tese segundo a qual apenas o ato de intelecção de Deus é uma pura unidade. Do que se segue, que Deus existe por se auto conhecer e desta forma o ato intelectivo divino se torna o fundamento de seu existir. Por isso, Eckhart acaba por ir diretamente contra Tomás de Aquino e a posição que este toma de que o existir é o fundamento do intelegir.

Palavras-chave: Filosofia Medieval, Metafísica, Mestre Eckhart