POTÊNCIA E LINGUAGEM: O HOMEM E A EXPERIÊNCIA CINDIDA

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Aluno de Iniciação Científica: Emerson Marçal Gonçalves (PIBIC/Fundação Araucária)

Curso: Filosofia (Bacharelado com Licenciatura Plena) (N)

Orientador: Marco Antônio Valentim

Departamento: Filosofia

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 70101000


RESUMO

A questão de se saber até que ponto os conhecimentos concernentes ao homem devem ou não ser levados em conta na organização das democracias contemporâneas tornou-se um incontornável com o qual qualquer um que se aventure hoje em dia a pensar os problemas ético-políticos de nossas sociedades deve inevitavelmente se deparar. A muito, tudo que não há entre aqueles, que de um ou de outro modo, tentam responder a questão o que é o homem?, é consenso. Haveria múltiplas humanidades, irredutíveis a um único conceito filosófico de homem? Ou então uma única natureza a partir da qual todas as demais humanidades poderiam ser explicadas? Tendo em vista esse descompasso, entre natureza e cultura, no que deveriam se basear, por exemplo, os direitos humanos? Qual seria o limite de toda intervenção estatal? Tendo em vista este conjunto de questões, pretendemos investigar, a partir de um recorte preciso da obra do autor, o alcance e o limite no modo como Agamben pensa o homem. Com vistas nisso, elegemos dois textos como principais: o ensaio "Infância e História: ensaio sobre a destruição da experiencia'" e a transcrição da conferência "A Potência do Pensamento". No primeiro, ao expor a infância como dimensão histórico-transcendental do homem, uma das consequências que se seguem é a que a infância instaura na linguagem "aquela cisão entre língua e fala que caracteriza de modo exclusivo e fundamental a linguagem do homem" (AGAMBEN, Infância e História: destruição da experiência e origem da história, 2008, p. 63). No segundo, depois de rediscutir o conceito aristotélico de potência, Agamben apresenta o homem como "o animal que pode a própria impotência" (AGAMBEN, La Potencia Del Pensamiento, 2008, p.294). Nesse sentido, potência e linguagem mostram-se conceitos fundamentais na estratégia de pensamento do autor. A discussão que ele faz em torno deles parece traçar o limite entre o modo como o autor compreende a história do pensamento ocidental, seus paradigmas e aporias, e o propriamente novo que seu pensamento pretende pensar. O modo como Agamben se apropria desses conceitos acaba por situá-lo de maneira decisiva e radical em relação à grande parte da tradição do pensamento ocidental, entre outros motivos, pela dimensão que eles reservam ao homem. Pois não é, para Agamben, como se habituou a metafísica ocidental, a linguagem (o lógos) que diferencia o homem em relação aos outros viventes, mas a cisão específica da linguagem humana.

Palavras-chave: Homem, Potência, Linguagem