RESUMO

A relação entre sujeito e objeto ainda é um assunto caro a humanidade. Esta relação recebeu diversas e divergentes interpretações no decorrer da história da Filosofia. O tratamento dado por Theodor Adorno sobre o assunto em; Sobre Sujeito e Objeto, inscreve-se numa investigação acerca do que ele chama de "comunicação do diferenciado". Pensa uma espécie de reciprocidade entre as duas esferas sem pretender uma solução para a difícil relação entre sujeito e objeto, mas, tentando a seu modo, investigar os desdobramentos da polêmica. Para ele, se houvesse a oportunidade de uma especulação no sentido de tentarmos propor uma reconciliação entre sujeito e objeto, não caberia formulá-la numa igualdade entre os dois, nem sob uma diferenciação hostilizada. Adorno aponta como alternativa plausível uma "comunicação do diferenciado" na qual, a garantia efetiva da singularidade das duas esferas é assunto central. É uma comunicação realizada com efetiva verdade, ultrapassando as vergonhosas violências limitadoras que atraem uma das esferas para dominar a outra de maneira sufocante e doutrinaria. Neste comunicar do diferenciado, cada esfera vincular-se-ia à outra, através de um reconhecimento recíproco. Esta mediação recíproca também nega um estado originário em que tanto sujeito como objeto conviveriam de forma harmoniosa. Para Adorno, ocorre um embate entre os dois e pensá-los de forma direta e imediata preserva suas tensões internas e de relação, ao mesmo tempo em que não romantiza uma relação que se faz entre coisas. Assim, acaba por pensar a própria realidade como composta de tamanha diversidade e isso lhe permite conjecturar uma alternativa para as mais diversas formas de dominação absolutas. Ao formular esta proposta, Adorno estava impressionado, dentre outros fatores, com a quantidade de formas de dominação que se constituíram ao longo da história, mais especialmente no séc. XX, das quais ele foi vítima e viu definhar seu amigo e colega de instituto Walter Benjamin.

Palavras-chave: Sujeito, Objeto, Comunicação