RESUMO

Uma questão importante e mesmo central é saber se questões sociais como saúde, educação, pesquisa, investimento, segurança, poluição, podem ser deixados puramente ao sabor dos mercados ou se é necessário recuperar um outro Estado dentro de um difícil contexto de reconstrução da democracia como um valor que acolha à todos. No caso do Brasil após as privatizações dos anos 1990 e a política monetária centrada na tríade superávit primário, juros altos e câmbio flexível, o país tem uma dificuldade persistente de alavancar o investimento público e privado. Mantendo para os mais pobres um conjunto de políticas como o Programa Bolsa Família (PBF), que até agora não impactou na construção de uma sociedade muito diversa das conhecidas. Todavia, os beneficiários do PBF já somam 14 milhões de famílias, o que mostra que retrocessos futuros ainda maiores no sentido de um maior predomínio de interesses corporativos e bancários talvez possam ser enfrentados de modo criativo a partir dessa grande população que começa a perceber a fundamental presença do Estado em todos os aspectos de sua vida. Apontadas essas questões, o objetivo principal do trabalho é refletir sobre as possibilidades que um país como o Brasil, com centros de poder de decisão tradicionalmente pouco permeados aos interesses nacionais, pode reconstruir estruturas mais estáveis de crescimento do emprego e da renda, bem como de inúmeros outros aspectos fundamentais a uma boa vida para a maioria de sua população. O que significa um passo inédito num país tradicionalmente conservador e elitista. Nossa reflexão partirá das relações numa sociedade justa tal como a entendem autores como Amartya Sen ou John Kenneth Galbraith entre Estado e mercado, procurando investigar de que modo essas relações podem caber num país com o contexto passado e presente do Brasil e os diversos interesses organizados que estão presentes no jogo econômico.

Palavras-chave: Estado, Mercado, Democracia