RESUMO

Abate de suínos com pesos elevados vem sendo estudado, com participação da UFPR, para avaliar os efeitos sobre o desempenho, custo de produção, qualidade de carcaça. Entretanto, as possíveis alterações nas necessidades nutricionais dos animais nessa fase ainda não foram estudadas. O INRAPORC, software de modelagem nutricional para suínos desenvolvido na França, está sendo avaliada para uso no Brasil. O objetivo foi calibrar o modelo nutricional INRAPORC para animais com peso ao abate de 100 a 150 kg, e avaliar a capacidade de predição do modelo. O experimento foi conduzido na fazenda da UFPR, entre 28 de agosto a 18 de novembro de 2012, com 24 suínos (fêmeas e machos castrados), com peso inicial médio de 77,2 Kg. Os animais foram distribuídos em 8 baias, com 4 tratamentos e 2 repetições (baias com 3 animais) e arranjo fatorial 2 x 2 (sexo x manejo alimentar), sendo mantidos em grupos de 3 até a semana em que a média de peso atingiu 100 kg (161 dias de idade) para cada manejo alimentar (ad libitum e restrito), nesta semana houve o abate de um animal de cada baia, permanecendo 2 animais por baia até o final do experimento. O peso vivo (PV, kg), consumo de ração (CR, kg) e a espessura de toucinho (ET, mm) foram avaliados semanalmente. A ET foi medida com Ultrassom portátil. Os dados médios semanais do CR e PV dos machos castrados alimentados à vontade, assim como a composição e análise química dos ingredientes utilizados na alimentação dos animais, incluindo os aminoácidos, foram utilizados para formular as rações fornecidas e também para calibrar o perfil animal do módulo de crescimento do programa, utilizando a equação de mantença tipo gama. A média semanal dos valores calculados por dia foi submetida à análise de regressão linear com os valores medidos para avaliar a precisão da previsão do modelo para as características de desempenho e de carcaça. O ajuste do modelo e a precisão de previsão obtidas para machos castrados foram altas para o PV (EPR=0,23; r²=99%; b0=0,99; b1=0,27; P<0,01), CR acumulado (EPR=0,77; r²=99%; b0=0,99; b1=0,90; P<0,01) e ET (EPR=0,70; r²=98%; b0=1,07; b1=2,00; P<0,01). A calibração com os dados das fêmeas não foi precisa e resultou em comportamento anômalo, devido às oscilações no CR e GP causadas pelo ciclo estral em várias das fêmeas após os 120 kg de PV, fator este não considerado no modelo nutricional avaliado. O INRAPORC foi preciso na predição da ET "in vivo" em suínos machos sob alimentação à vontade entre 80 e 150 kg de peso, além de ser facilmente calibrado e ajustado para o sistema de produção de suínos pesados.

Palavras-chave: Desempenho, Espessura de Toucinho, Modelagem