RESUMO

Mesmo tendo a segunda maior cobertura vegetal do mundo e a mais importante floresta tropical do planeta, o Brasil não é um grande exportador de madeiras para a fabricação de instrumentos musicais. Isso se deve ao fato de que os luthiers e outros fabricantes utilizam as mesmas espécies de madeiras há séculos. Um fator importante que contribui para esse cenário é que não existem muitos estudos sobre madeiras que tenham as mesmas características como propriedades físicas, mecânicas, acústicas, organolépticas, a cor e seu desenho natural, que dificulta a substituição de alguns instrumentos, como clarinetes e violinos, entre outros. Essa pesquisa tem como objetivo avaliar a introdução de madeiras alternativas na produção de instrumentos musicais e classificar as espécies de acordo com as características necessárias para manter a originalidade do som e da acústica que são específicos, mas para que isso aconteça são necessários que sejam quebrados alguns paradigmas para a aceitação desse novo mercado. Foram utilizados três métodos para a classificação de espécies em usos finais: Primeiro método acústico para instrumentos musicais de corda foi proposto a partir da seguinte observação: a madeira, apesar de possuir 1/10 a 1/20 da densidade dos metais em geral, tem uma velocidade de propagação sonora semelhante aos mesmos. Segundo método de comparação direta é um método comparativo direto onde todas as possíveis propriedades mensuráveis são utilizadas para classificação. Trata-se de um quadro de dupla entrada, onde temos na horizontal a magnitude das propriedades e na vertical as propriedades, descritas em ordem decrescente de prioridade. Assim se estabelece um padrão para cada uso, que será baseado nas espécies já consagradas pela prática. Terceiro método estatístico mais complexo e melhor elaborado compara mais precisamente as espécies. Trata-se do método desenvolvido por Cailliez que utiliza a análise dos componentes principais. Neste método, tanto as grandezas mensuráveis como as não mensuráveis (cor, brilho, grã, etc.) poderão ser analisadas. Os resultados obtidos mostram que as espécies nativas amazônicas são potencialmente aptas para a fabricação de instrumentos musicais de qualidade, podendo facilmente substituir as tradicionalmente usadas pela semelhança de suas características. Essas espécies foram catalogadas de acordo com as necessidades de cada instrumento. Com as vastas opções que o Brasil tem em termos de madeiras fica evidente que ainda há muito mais para ser pesquisado quanto a materiais para esse nobre fim.

Palavras-chave: Madeira, Instrumentos Musicais