AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO NA FUMICULTURA NO MUNICÍPIO DE RIO AZUL-PR

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Aluno de Iniciação Científica: Fernanda Feuerharmel Soares da Silva (PIBIC/UFPR-TN)

Curso: Medicina (MT)

Orientador: Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque

Departamento: Saúde Comunitária

Setor: Setor de Ciências da Saúde

Área de Conhecimento: 40600009


RESUMO

O município de Rio Azul, localizado no estado do Paraná, tem como principal atividade econômica o plantio de tabaco e é conhecido por "capital paranaense do fumo". A produção submete fumicultores e suas famílias a péssimas condições de trabalho e baixa qualidade de vida, além de intoxicações agudas e crônicas por agrotóxicos e pela nicotina da planta. O presente estudo é qualitativo e se propôs a analisar a cadeia produtiva do fumo tendo como base o materialismo histórico dialético e a epidemiologia crítica. Para tanto, recorreu à elaboração da "Matriz de processos críticos" do epidemiologista Jaime Breilh juntamente com os produtores para avaliar os processos protetores e destrutivos de saúde. Também foram realizadas revisão bibliográfica sobre a fumicultura, agronegócio, intoxicações nicotínicas e por agrotóxicos, além de coleta de dados através de questionário semi-estruturado. Objetivando o conhecimento dos trabalhadores sobre os seus direitos e buscando em conjunto soluções para os problemas levantados, reuniões foram realizadas para discussão e, posteriormente, para apresentação final do trabalho. Concluiu-se que estes fumicultores, que estão subordinados ao modo de produção capitalista, simultaneamente vivem sob um regime que pode ser caracterizado como "servidão moderna", o que nos mostra que, por vezes, o modo de produção vigente pode coexistir e se utilizar de características de modos de produção anteriores para garantir a extração de mais valia. Esse sistema é fomentado pelas empresas fumageiras que trabalham com sistema de "venda casada" para comércio de insumos e tabaco. Dessa forma os agricultores são meros reféns destas empresas e contam com pouco apoio do Estado na defesa de seus direitos. Fato este que condiz com a lógica produtiva capitalista que procura a acumulação de capital, sem ter como prioridade a satisfação de necessidades básicas de vida da população trabalhadora. Ao analisar todos os âmbitos preconizados pela matriz observamos que a maioria dos processos na realidade dos agricultores é destrutiva para a saúde e a minoria é protetora. Isso gerou uma reunião com entidades governamentais e autônomas para discussão, implementação de melhorias e possibilidade de troca de cultivo, priorizando produtos orgânicos. No momento o artigo com todas as informações está em processo de finalização.

Palavras-chave: Fumicultura, Servidão Moderna, Epidemiologia Crítica