RESUMO

A violência, presente nas mais diversas sociedades humanas passou por um processo de modernização e hoje é mantida nos bastidores de nossa sociedade. Mesmo deste modo, a violência se relaciona com o gênero masculino, sendo possível afirmar ser esta fundante da própria masculinidade. Este estudo, não obstante, busca entender o cenário oposto: e quando o homem é o agredido? Assim sendo, o objeto desta pesquisa está nos processos de saúde e doença a que são submetidos os homens vítimas de violência sexual. Sob a perspectiva da saúde coletiva, se objetiva estabelecer a determinação social da violência sexual praticada contra homens. Este resumo se refere à etapa final da pesquisa, cujo início buscou apresentar o perfil epidemiológico das vítimas, e trabalha com o campo de resposta aberto da ficha de notificação, onde os profissionais de saúde brevemente relatam o caso. Metodologicamente se trata de um estudo exploratório, inspirado no pensamento materialista histórico dialético e de abordagem qualitativa. Os sujeitos foram todos os casos notificados de violência sexual contra homens no Serviço de Epidemiologia do HC/UFPR entre os anos de 2009 e 2011, totalizando 42 casos, dos quais somente 29 fichas apresentavam relatos na forma narrativa devido à mudança na Ficha de Investigação em 2011. Os dados foram analisados por meio da Análise de Discurso. O estudo foi aprovado no CEP/SCS. Após a análise dos dados se observou que a agressão ocorre majoritariamente no núcleo familiar e/ou no território da vítima, indicando que nestes ambientes também estão presentes os reflexos de processos de reprodução social. Destacou-se a presença de sentimentos como medo ou vergonha, que por vezes levam os indivíduos a recusar o atendimento após a violência e que podem estar ligados à recusa da fragilidade física e a padrões hegemônicos de masculinidade. Por fim foi possível observar que questões ligadas à violência sexual estão intimamente relacionadas a vulnerabilidades socioeconômicas, sendo que estas ao determinar o território de moradia do indivíduo, seus processos familiares e suas condições de vida de modo geral, determinam também seus processos de saúde e doença, de relacionamento e violência. Ao final do estudo foi possível perceber que masculinidade e violência sexual são questões interligadas e que este tipo de violência é determinada pelo contexto e papel social que o indivíduo desempenha.

Palavras-chave: Saúde do Homem, Vulnerabilidade Social, Violência Sexual