RESUMO

O sistema olfatório consiste basicamente de neurônios sensoriais presentes no epitélio nasal, de neurônios de segunda ordem e de interneurônios presentes no bulbo, responsáveis por enviar a informação sensorial para os tratos encefálicos superiores. Já foi demonstrado que a proteína príon celular (PrPc) é importante na discriminação de odorantes, provavelmente por mediar interações das células no bulbo. PrPc é uma glicoproteína de 33-35 kDa ligada à membrana através de uma âncora de glicosilfosfatidilinusitol (GPI). Está presente em diversos tecidos, sendo encontrada com maior abundância nas células do sistema nervoso. Uma modificação conformacional de PrPc para sua isoforma patogênica (PrPSc) é responsável pelas encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSE), doenças nas quais são encontrados depósitos de PrPsc no sistema nervoso central, além de outros tecidos, como nos neurônios do epitélio olfatório. Como pouco se conhece sobre as funções de PrPc, seu entendimento pode ajudar a elucidar sua participação em mecanismos moleculares, bem como a transmissão das doenças relacionadas. Uma possível estratégia para tanto é a busca de parceiros moleculares de PrPc. A isca referente a região codificadora de PrPc já se encontra disponível no laboratório e foi usada na varredura de uma biblioteca de cDNA de epitélio olfatório, através do sistema de duplo-híbrido em leveduras. Cerca de setenta colônias foram positivas para a interação. Essas leveduras foram usadas para a amplificação dos insertos correspondentes aos possíveis ligantes, os quais puderam ser identificados através de sequenciamento e comparação em bancos de dados. Os resultados obtidos indicaram possibilidade de interação entre PrPc e proteínas envolvidas no processo de adesão celular (Catenin beta 1 variante 2), relacionadas com a via de ubiquitinação (STIP1 homology and U-Box containing protein 1 e NEDD4 binding protein 1), transporte de vesículas (Dynein light chain Tctex type 1 D) e resposta do estresse e controle do rítimo circadiano (Proprotein convertase subtilisin/kexin type 5, variant 1). Dados da literatura corroboram para a existência destas interações in vivo, porém outros ensaios serão necessários para validá-las.

Palavras-chave: Proteína Príon Celular, Sistema de Duplo Híbrido em Leveduras, Epitélio Olfatório