RESUMO

Aranhas do gênero Loxosceles (aranhas-marrons) produzem veneno composto por diversas toxinas, responsáveis pelo envenenamento conhecido como loxoscelismo, que se manifesta em sintomas cutâneos e/ou sistêmicos. O quadro cutâneo é o mais comum e pode levar ao desenvolvimento de uma lesão necrótica com espalhamento gravitacional. O quadro viscerocutâneo pode envolver distúrbios da hemostase, bem como manifestações sistêmicas que podem evoluir para uma insuficiência renal aguda. Na biblioteca de cDNA obtida da glândula de veneno da Loxosceles intermedia, foi identificada uma sequência que codifica a TCTP (Translationally Controlled Tumor Protein). Estudos mostram que a TCTP produzida por outros organismos age em ambiente extracelular como fator de liberação de histamina. Além disso, a LiRecTCTP foi caracterizada como uma proteína importante no processo inflamatório decorrente do loxoscelismo. O presente trabalho teve o intuito de caracterizar a LiRecTCTP como um fator de liberação de histamina. Para tanto a LiRecTCTP contendo etiquetas de histidinas foi expressa em cepa BL21 D3 PlysS , a expressão foi induzida com IPTG 0,1mM e incubada por 4 horas a 23ºC. A purificação foi realizada em condições hibridas por cromatografia de afinidade em resina Ni2+ -NTA agarose. Com a LiRecTCTP foram produzidos anticorpos em camundongos, os quais reconheceram a TCTP nativa do veneno de L. intermedia. Para caracterizar a TCTP como uma fator liberador de histamina, foram cultivadas células da linhagem RBL-2H3 as quais foram tratadas com LiRecTCTP. Foi observado, pela dosagem de ?-hexosamina (método indireto), que a liberação de histamina pela LiRecTCTP é tempo e concentração dependente (p<0,001). Com isso pode-se dizer que a toxina recombinante LiRecTCTP induz a liberação de histamina. Posteriores estudos serão realizados com o intuito de melhor entender o mecanismo pelo qual essa toxina age para desencadear a liberação de histamina. Um maior entendimento do papel da TCTP no veneno de L. intermedia contribuirá com o desenvolvimento de metodologias farmacêuticas mais eficazes contra o loxoscelismo além de propiciar o desenvolvimento de novas moléculas com fins biotecnológicos.

Palavras-chave: TCTP, Loxosceles, Histamina