RESUMO

As doenças renais se apresentam como um problema de saúde pública mundial, sendo crescente o número de pacientes com doença crônica em fase terminal submetido à terapia de substituição renal. Segundo o Censo 2011 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) existem atualmente cerca de 90.000 pacientes dialíticos no Brasil. Dentro deste contexto, o exame de urina realizado rotineiramente nos laboratórios de análises clínicas, fornece informações essenciais sobre o estado funcional dos rins, possibilitando a detecção precoce e o acompanhamento do quadro clínico do paciente, sendo uma ferramenta útil para o diagnóstico das doenças renais, além de ser um exame de baixo custo e simples de ser realizado. As contagens de elementos urinários por mL são superiores às contagens por campo microscópico, sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi comparar os resultados da contagem de leucócitos e de eritrócitos em Lâminas K-Cell (por mL) e em Câmara de Neubauer (por mL). Foram analisadas 50 amostras de urina não concentradas de pacientes do laboratório do Hospital de Clínica da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). As contagens por microscopia ótica comum foram realizadas em duplicata, por um único microscopista avaliador, utilizando a mesma amostra homogeneizada nos dois métodos. A análise estatística foi realizada por meio da comparação para contagem de leucócitos e de eritrócitos por mL utilizando a lâmina Kcell e a Câmara de Neubauer por análise de regressão linear. Em relação à contagem de leucócitos (n=53) foi obtido um coeficiente de determinação (R2)=0,9916, onde y = 1,0841x. E, em relação à contagem de eritrócitos (n=53) foi obtido o valor de R2= 0,9548, onde y = 1,075x, ou seja, observou-se uma correlação positiva entre as duas metodologias tanto para leucócitos quanto para eritrócitos. A lâmina K-cell é utilizada rotineiramente para contagens de elementos urinários devido à rapidez e agilidade apresentados. A Câmara de Neubauer, apesar de ser tradicionalmente considerada método de referência para quantificação em urina, não apresenta a mesma facilidade, principalmente em laboratórios de grande porte. Após a análise dos dados, sugere-se que mais estudos sejam realizados comparando não apenas estas duas metodologias, mas também contagens automatizadas e que venham a ser utilizadas com confiabilidade nos laboratórios de análises clínicas.

Palavras-chave: Uroanálise, Câmara de Neubauer, Lâmina K-cell