RESUMO

O estresse faz parte da vida e a necessidade de adaptar-se causa alterações neuroendócrinas e fisiológicas importantes. O estresse no periparto é capaz de interferir de modo permanente no comportamento, regulação neuroquímica, ansiedade, emocionalidade e cognição. Todavia há dúvidas sobre os efeitos tardios e permanentes gerados pelo estresse na gestação. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do estresse na gestação e no periparto sobre a ansiedade de ratos Wistar do nascimento até o 90° dia de vida. Para tanto, foram utilizadas 20 ratas prenhes, divididas em cinco grupos experimentais: G1- sem estresse; G2- estresse do 3° ao 12° dia de gestação (a cada 48h, a rata foi submetida a nado forçado em água morna por 60seg e deixada por três horas em isolamento sob claridade); G3- estresse do 12° ao 21° dia de gestação (manejo idem G2); G4- estresse no periparto (do 3° ao 21° dia de vida, a ninhada foi separada da mãe e mantida sob claridade por 3 horas); G5- estresse do 3° ao 21° dia de gestação e do 3° ao 21° dia de periparto. No 30° (T1), 60° (T2) e 90°(T3), os 160 filhotes foram avaliados quanto à ansiedade, utilizando-se do labirinto em cruz elevado, que é uma metodologia internacional. Neste teste, cada animal foi individualmente colocado no centro de uma estrutura em cruz, elevada a 60 cm do solo, composta por dois braços abertos perpendiculares e dois braços fechados. Houve videogravação por 5 minutos e avaliou-se a latência para iniciar a movimentação, tempo de permanência nos braços abertos/fechados, grooming nos braços abertos/fechados, número de vezes que o animal se levantou nos braços abertos/fechados, número de vezes que o animal urinou e/ou defecou nos braços abertos/fechados. Os dados foram analisados por ANOVA de uma via seguido do teste de Tukey (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos na latência para se movimentar. Os animais permaneceram mais tempo nos braços fechados; em T2 e T3, os filhotes de G2 e G5 permaneceram mais tempos nos braços abetos que em T1. Os animais de levantaram e realizaram grooming apenas nos braços fechados, sendo que os animais de G3, G4 e G5 levantaram mais vezes em todos os momentos de avaliação. O número de vezes que os animais urinaram e/ou defecaram sofreu pouca alteração, porém os valores apresentados em G2 foram mais elevados. De maneira geral, os filhotes de G1 e G2 apresentaram tendência a maior número de sinais indicativos de ansiedade. Conclui-se que o estresse na segunda metade da gestação e/ou no periparto reduz a ansiedade de filhotes de ratos Wistar.

Palavras-chave: Ansiedade, Estresse, Filhotes