RESUMO

Diatomáceas são microalgas eucariontes clorofiladas, presentes em abundância no mar e na água doce, possuindo parede celular de sílica e com ornamentações diversas nas espécies, sendo usadas para identificação taxonômica. A maioria é autótrofa, e são os maiores produtores primários planctônicos, responsáveis por até 45% da produção de carbono nos oceanos. Atualmente o estudo das diatomáceas marinhas tem sido muito importante na região Sul do Brasil devido á florações produzidas pelo gênero Pseudo-nitzschia. Esse gênero produz ácido domóico, toxina potente que pode levar a graves danos neurológicos, cardíaco-respiratórios, e até mesmo à morte. O estudo de outros gêneros também é muito importante, pois apesar do grande número de espécies de diatomáceas na região Sul, há poucos estudos taxonômicos nacionais utilizando microscopia eletrônica, o que dificulta o conhecimento da biodiversidade local. As investigações taxonômicas também servem de base para estudos de ecologia, biologia molecular e biotecnologia das diatomáceas. Na família Lithodesmiaceae, foi descrito o gênero Lithodesmioides em 1986 no qual duas espécies estão incluídas: Lithodesmioides minutum e Lithodesmioides polymorpha. Lithodesmioides polymorpha foi descrita originalmente por Von Stosch no estuário do rio Norman em Karumba, Golfo de Carpentaria, Austrália, e em 2005 foi proposta a variedade L. polymorpha var. tunisiense por YahiaKefi na Tunísia, no sudoeste do Mar Mediterrâneo. Lithodesmioides minutum foi descrita por Von Stosch e encontrada em Townsville, norte de Queensland, Austrália, não havendo mais registros. Nesse trabalho, registramos Lithodesmioides minutum pela primeira vez na América do Sul, ao longo litoral de Florianópolis, Santa Catarina, fornecendo medidas e descrição em microscopia eletrônica. Suas principais características são um processo bilabiado central e ausência de espinhos pequenos na face da valva (presentes em Lithodesmioides polymorpha), e serem menores e menos silicificadas que Lithodesmioides polymorpha. Algumas diferenças em relação a descrição original foram encontradas, como o formato da valva, na maioria biangular, podendo se tratar de uma variação. No trabalho, também são fornecidas comparações entre Lithodesmioides e os gêneros próximos Bellerochea, Lithodesmium e Ditylum. Como há poucos estudos sobre estes gêneros, já que são muito pouco silicificados e difíceis de identificar em microscópio óptico, a microscopia eletrônica fornece uma importante ferramenta para o estudo dessas espécies no Brasil.

Palavras-chave: Diatomáceas, Microscopia Eletrônica, Lithodesmioides