FLUXO DE CO2 NA INTERFACE AR-MAR DO EIXO NORTESUL DO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ (CEP)

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Aluno de Iniciação Científica: Joana Carneiro de Campos (PIBIC/Fundação Araucária)

Curso: Oceanografia - Pontal do Paraná (MT)

Orientador: Eunice da Costa Machado

Colaborador: Bruno Guides Libardoni

Departamento: Centro de Estudos do Mar

Setor: Setor de Ciências da Terra

Área de Conhecimento: 10803025


RESUMO

Áreas costeiras, diferentemente das oceânicas, constituem sistemas rasos complexos que apresentam uma infinidade de processos associados. Sabe-se que os ciclos biogeoquímicos nestes ecossistemas estão sofrendo alterações em resposta às mudanças climáticas globais, com a tendência, em caráter episódico ou permanente, de apresentarem menores teores de oxigênio dissolvido e maiores de CO2, com consequências claramente negativas para estes sistemas. Os estuários apresentam grande importância na dinâmica do dióxido de carbono atmosférico, podendo atuar como fonte ou sumidouro deste gás, por intermédio de processos físicos e biológicos. Neste contexto, diversos autores acreditam que o ambiente costeiro é possivelmente heterotrófico, atuando como fonte de CO2. Com o intuito de observar o papel do eixo Norte-Sul no Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) como fonte ou sumidouro do CO2 atmosférico, investigou-se a distribuição de variáveis mestres ao longo do gradiente de salinidade. Para tal, realizou-se uma campanha de amostragem durante a maré de sizígia, mensurando-se a temperatura, o pH e a salinidade (in situ), a alcalinidade, e o oxigênio dissolvido. O CO2 total foi determinado a partir de um modelo de interações iônicas, através dos dados de alcalinidade, pH, salinidade e temperatura. As temperaturas variaram de 18 a 27,5°C, a salinidade exibiu um gradiente de 20 a 30 em ambas as estações, e o pH variou de 7,44 a 8,11, sendo os valores mais elevados durante o verão. A alcalinidade apresentou gradiente decrescente do setor externo para o interno, causado provavelmente pela diluição e mistura com águas fluviais com baixo teor de carbonatos. As concentrações de dióxido de carbono foram supersaturadas no inverno e no subsaturadas no verão. O percentual de Oxigênio Dissolvido, revelou um comportamento inverso ao CO2%. Os resultados obtidos permitem inferir um metabolismo predominantemente heterotrófico ao longo de todo o Eixo Norte-Sul do CEP durante o inverno, com inversão do sistema durante o verão. Entretanto, ainda não se pode afirmar com certeza se está inversão vale para toda a estação, devido à falta de réplicas temporais. Por outro lado, em uma base anual, o sistema atuou como uma fonte de CO2, com um fluxo líquido de CO2 na interface estuário-atmosfera, calculado a partir da diferença entre os teores de subsuperfície e de equilíbrio atmosférico, usando um coeficiente de transferência dependente da velocidade do vento, de 1,8*102 mol*m².ano-1, o qual se encontra na faixa reportada em outros sistemas estuarinos.

Palavras-chave: Interface Ar-mar, Fluxos de CO2, Metabolismo Pelágico