RESUMO

Monitoramentos da macrofauna bêntica com dados quinzenais, durante mais de um ano, são importantes para avaliações de impactos ambientais e gestão dos ambientes estuarinos, mas inexistentes no país. Além disso, nesses estudos de variações temporais, há o confundimento causado por variações em pequenas escalas na interpretação das escalas maiores, o qual pode ser evitado realizando-se amostragens em escalas menores – como dias, semanas e quinzenas aninhadas e replicadas em cada escala. O presente trabalho visa analisar a variação temporal da macrofauna bêntica e de características ambientais, ao longo de dois anos, em dois locais fixos de uma praia estuarina da Baía de Paranaguá. A praia da Ponta do Poço foi analisada com base em dois locais (L1 e L2), distantes 100 metros entre si e próximos a área de instalação do futuro Porto de Pontal do Paraná. Neles, foram realizados monitoramento quinzenal e amostragem hierárquica temporal, com análise da macrofauna bêntica, salinidade e pH da água, clorofila-a, granulometria, teores de carbonato de cálcio e matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e carbono orgânico total no sedimento. As amostras de sedimento foram coletadas com um corer de 10 cm de diâmetro e altura, lavadas em campo e fixadas em formalina 4%. Os indivíduos foram identificados até o menor táxon possível. As análises estatísticas serão realizadas utilizando-se uma ANOVA nested, com teste Student-Newman-Keuls, e uma análise espectral de séries temporais, com correlação cruzada entre as variáveis bióticas e físico-químicas, para a amostragem hierárquica e para o monitoramento, respectivamente. Neste estudo será considerado o período de amostragem entre novembro de 2010 e novembro de 2012. Os oito táxons com maior abundância, até o momento, são: Misidáceo sp1, Anfípode sp1, Scoleleps chilensis, Dispio remanei, Poecilochaetus serpens, Anfioxo, Bathyporeia sp1 e Prionospio pinnata. A salinidade variou de 23 a 34, com os maiores valores nos meses de março e abril, e menores durante o mês de junho. Já o pH variou de 7,44 a 8,18, com valores máximos em maio e outubro, e mínimo em setembro. L1 e L2 apresentaram diferenças nos parâmetros abióticos medidos, apesar de estarem situados na mesma praia. Uma possível causa pode ser a influência do sangradouro natural presente na praia, o qual possui características heterogêneas a eles, podendo afetar os parâmetros granulométricos e da água de suas adjacências. Estes são resultados preliminares do projeto, as análises químicas e granulométricas serão realizadas após o término das amostragens, em agosto de 2013.

Palavras-chave: Macrofauna Bêntica, Variabilidade Temporal, Múltiplas Escalas