RESUMO

Os cuidados e práticas de saúde da população são bastante diversificados e envolvem tanto aspectos científicos, econômicos e políticos quanto culturais. As sociedades tradicionais, embasadas em conhecimento vernacular, desenvolvem várias práticas tais como a benzição, o curandeirismo, o uso de ervas, etc. para tratar dos males das populações. No presente estudo dois tipos destas práticas foram analisados os centros espíritas (institucionalizada) e das benzedeiras (livre), ambas envolvendo tanto aspectos materiais quanto religiosos. O uso da fitoterapia, muito evocado por estas práticas, se faz presente desde a antiguidade dos povos; os medicamentos daí produzidos a partir de plantas medicinais são, em sua maioria, corriqueiras na cultura brasileira, além da utilização diferenciada de líquidos (chás e infusões) entre centros espíritas e benzedeiras. Na presente pesquisa foi analisada a espacialização destas duas práticas de saúde tendo como foco o município de Avaré, estado de São Paulo. Entre os resultados obtidos na pesquisa, alguns revelam a grande demanda que existe para os centros espíritas na atualidade, tanto por pessoas adeptas do espiritismo como de religiões e credos distintos; estas instituições existem em maior numero que as benzedeiras na cidade e estão localizadas na área central e pericentral urbana, geralmente associada aos bairros com maior densidade demográfica. As benzedeiras, por outro lado, não são facilmente encontradas, por conta do progresso que a medicina acadêmica em detrimento do conhecimento vernacular ou tradicional; elas estão localizadas na periferia da área urbana em locais de concentração de população de baixa renda. Um motivo que pode ter acarretado na redução desta prática nas cidades é a modernização rural e urbana, no centro-sul do Brasil, que têm reduzido a atuação das benzedeiras, enquanto e surpreendentemente, a procura pelos centros espíritas tem aumentado.

Palavras-chave: Conhecimento Vernacular, Práticas de Saúde, Fitoterapia