RESUMO

O conceito de referencial inercial é fundamental para as teorias físicas. Na Mecânica Clássica partimos do pressuposto que tais referenciais não interagem com o sistema, ou seja, que a existência de um observador não influencia o sistema estudado. Tais referenciais têm uma estrutura de espaço-tempo fundamentalmente clássica, pois o estado do aparato, ao qual são referidas as medidas, é conhecido sem nenhuma incerteza pelo observador. Além disso, formalmente, as leis do movimento de um sistema devem ser idênticas da perspectiva de dois ou mais referenciais inerciais em movimento relativo. A primeira pergunta que buscamos responder neste trabalho é se podemos fazer tais considerações na Mecânica Quântica. Investigamos ainda quais as implicações de descrevermos um sistema a partir de um referencial quântico. Na primeira etapa, mostramos que as leis da dinâmica quântica, tais como descritas pelo teorema de Ehrenfest, permanecem invariantes por transformações do grupo de Galileo. Verificamos também que, do ponto de vista da equação de Schrödinger, a invariância dinâmica se manifesta através de transformações de Gauge no Hamiltoniano e na função de onda. Na segunda etapa, descrevemos um sistema quântico a partir de um referencial inercial e mudamos para a descrição de coordenadas relativas, promovendo uma partícula do sistema a referencial quântico. A estrutura formal resultante é sutil e nos leva a diversos paradoxos, como reportado na literatura. Mostramos que a inclusão de um corpo massivo, bem localizado e não correlacionado na descrição do sistema pode evitar o surgimento de tais paradoxos. Além disso, através da análise de alguns casos específicos verificamos que a previsão de comportamento"ondulatório ou corpuscular" de um sistema quântico torna-se invariante sob trocas de referenciais quânticos.

Palavras-chave: Referenciais Quânticos, Dualidade Onda-Partícula, Mecânica Quântica