RESUMO

Nunca se falou tanto de inclusão, diversidade, diferença, identidade, cidadania, cooperação, integração, como tem sido evidente os usos de tais termos. Tão flutuante quanto seus usos, parecem ser suas representações, uma delas, a da redenção de um novo sujeito social, mais analítico, crítico e mais profundo. Entretanto, velhas estruturas são mantidas nas relações institucionais. Talvez, por este, e outros motivos, os fenômenos dos novos discursos da inclusão apenas suavizem os danos da superficialidade dos diversos tipos de políticas e ações relativas ao tema. São políticas que amiúde escondem, com perguntas fechadas e respostas prontas e acabadas à busca de soluções paliativas para problemas profundos; ou seja, formas banais e particulares de tratar assuntos sociais mais complexos na educação formal, especial, ou nos esportes adaptados. Neste sentido, quando assumimos um discurso sobre o outro significaria afirmar que estamos assumindo a responsabilidade sobre seus fracassos, frustrações, etc. Mas acaso temos consciência das questões psicológicas e sociais que envolvem o drama da cegueira ou de outras necessidades especiais? Quiçá, com envolvimento de fato, abrindo-nos à escuta possamos construir, com o outro, melhor compreensão das dicotomias existentes em nossas diferenças. Aventa-se esta possibilidade através dos objetivos deste trabalho que consistem em desenvolver esporte e lazer aos grupos de alunos e atletas do Instituto Paranaense de Cegos, com o intuito de compreender os sentidos explorados destes grupos, bem como verificar e analisar os discursos que constroem frente as nossas capacidades relacionais. A metodologia está assentada no método biográfico e na perspectiva biográfico-narrativa, com base respectivamente em Juan Jose Pujadas Muñoz e Antônio Bolívar. Com o uso dos jogos, lazer e esportes, em sua implicação antagônica sintetizada na integração e exclusão que traduz regras do rendimento, espera-se emergir nos discursos e extrair deles elementos fulcrais para a contextualização e problematização do binômio inclusão/exclusão. Pois estes termos/conceitos podem servir como objeto de análise crítica e aprofundamento das questões sociais que permeiam as políticas públicas de inclusão. Para tal, este projeto de extensão conta com a prática esportiva e de lazer como ferramenta dialógica na integração dos grupos, bem como a possível emergência de debates entre todos os envolvidos no projeto implicando no amadurecimento acadêmico e da própria comunidade em questão.

Palavra-Chave: Cegueira, Esportes, Sociedade