1109
Título
ESTRESSE E HIV INFANTO-JUVENIL
Aluno: Juliane Kristine de Lima - PIBIC/UFPR-TN - Curso de Psicologia (MT) - Orientador: Ana Paula Almeida de Pereira - Departamento de Psicologia - Área de conhecimento: 70707014 - Palavras-chave: estresse; hiv; infância e adolescência - Colaborador: Ana Paula Cunha, Rebecca Breus Meier, Angélica Camille da Silva Bellincantta Mollossi.
A infecção por HIV ainda é um grande problema de saúde pública em nossa sociedade e crianças também podem sofrer as consequências ocasionadas pelo vírus. Estima-se que cerca de 2,1 milhões de crianças estejam infectadas pelo HIV no mundo e que no Brasil aproximadamente 12,5 mil recém-nascidos sejam expostos ao vírus anualmente. O HIV pode afetar o sistema nervoso central e atacar suas células, dando origem a problemas neurocognitivos. O estresse é uma condição emocional que apresenta efeitos psíquicos e fisiológicos e, quando muito intenso e/ou duradouro, causa comprometimento cognitivo e no sistema imunológico. O objetivo da presente pesquisa foi de verificar os níveis de estresse e investigar os efeitos do estresse na cognição em uma população infanto-juvenil com HIV. Foram avaliadas 38 crianças e adolescentes soropositivos e 32 indivíduos controle com perfil sociodemográfico semelhante. Dentre os instrumentos utilizados na avaliação estão subtestes do WISC-III, que permitem calcular escores cognitivos, e Escala de Estresse Infantil desenvolvida por Lipp e Lucarelli, que possibilita mensurar subtipos de reações ao estresse. Verificou-se que 21,1% dos indivíduos com HIV e 6,3% dos indivíduos controle apresentaram sinais significativos de estresse. A partir de teste t de análise de grupos, verificou-se que o grupo clínico apresenta índices significativamente maiores nas reações ao estresse com componente depressivo (t(61)=2,91; p=0,005), nas reações psicológicas ao estresse (t(68)=2,13; p=0,037) e no índice total de estresse (t(68)=2,75; p=0,008). Além disso, em análise de correlação de Pearson, verificou-se correlação negativa significativa entre reações ao estresse com componente depressivo e os quocientes intelectuais total (p=0,046; r=-0,239) e de execução (p=0,027; r=-0,265). A partir destes resultados, percebe-se que crianças e adolescentes com HIV apresentam índices maiores de estresse e, ainda, quando este estresse está relacionado a um componente depressivo existe uma tendência de pior desempenho cognitivo. Crianças com HIV enfrentam muitas condições sociais que podem afetá-las emocionalmente e gerar internalização do sofrimento, incluindo sintomas depressivos. Considerando que existem evidências de que a depressão infantil repercute negativamente na aprendizagem e no desenvolvimento neurocognitivo, considera-se importante a realização de um acompanhamento neuropsicológico de crianças e adolescentes soropositivos, no intuito de perceber características emocionais que podem prejudicar a criança em aspectos essenciais de sua vida.