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Título
COMPULSÃO ALIMENTAR E O FEMININO

Aluno: Franciele Natal Ferreira - PIBIC/CNPq - Curso de Psicologia (MT) - Orientador: Maria Virgínia Filomena Cremasco - Departamento de Psicologia - Área de conhecimento: 70700001 - Palavras-chave: compulsão alimentar; feminino; psicanálise.

As questões envolvendo a alimentação têm ocupado lugar de destaque na sociedade contemporânea. A obesidade, normalmente associada à compulsão alimentar, tem despertado a preocupação (e o interesse) de profissionais e pesquisadores de diversas áreas e autoridades governamentais, sendo considerada como uma epidemia mundial. Parece haver um superinvestimento dessa visão biomédica, preocupada em definir critérios diagnósticos e enquadrar a sociedade em um modelo que preza pelo saudável, em detrimento de uma compreensão que abarque os aspectos psicológicos envolvidos nesse quadro, bem como as consequências psíquicas implicadas em ser um sujeito obeso. Diante disso, sem desconsiderar a validade da visão biomédica, a pesquisa tem o intuito de compreender o sofrimento subjacente à compulsão alimentar em mulheres a partir de uma perspectiva psicanalítica. Realizou-se uma revisão de literatura sobre o assunto utilizando-se livros, artigos científicos obtidos através de base de dados e sites de pesquisa. A coleta de dados ocorreu mediante relatos de vivências de mulheres obesas e/ou com excesso de peso, que apresentam comportamentos alimentares compulsivos, e de atendimentos clínicos individuais. A análise desses dados baseia-se no método de redução de unidades de significado proposta por Giorgi (1985) e o referencial teórico psicanalítico embasa a análise dos aspectos psicológicos envolvidos nessas perturbações relacionadas à oralidade. Os resultados preliminares sugerem: a importância da relação com a mãe participando da gênese dos problemas alimentares, em função da dinâmica dessa relação e de sua importância para o desenvolvimento do sujeito - seja essa relação marcada pela falta (de afeto, de condições para que a criança possa lidar com a frustração, com a experiência de vazio proveniente da individuação pela qual o bebê deve passar) ou pelo excesso (a invasão pulsional materna, a indiferenciação entre mãe e bebê); há um sofrimento psíquico subjacente às mulheres com compulsão alimentar - sofrimento este que invariavelmente tem uma inscrição corporal - que entrelaça-se com o feminino, perpassando problemáticas envolvendo tanto o descontentamento com um corpo de formas excessivas, como pelo desejo de que esse corpo se torne magro, bem como pela frustração de não conseguir atingir o padrão de beleza almejado por elas e por outros e pela sexualidade quase sempre represada.