0848
Título
A COMPOSIÇÃO E A POÉTICA DO LIVRO AMÉRICA, DE MONTEIRO LOBATO
Aluno: Raphael Pappa Lautenschlager - IC-Voluntária - Curso de Letras - Port/Alem/Ital/Grego ou Latim (M) - Orientador: Milena Ribeiro Martins - Departamento de Linguística, Letras Clássicas e Vernáculas - Área de conhecimento: 80206000 - Palavras-chave: monteiro lobato; américa; poética.
O presente projeto investiga as relações do texto narrativo de América (1932) com fontes extraliterárias (sobretudo jornalísticas) das quais Monteiro Lobato se apropriou na composição da obra. Nosso objetivo é compreender a poética do autor na construção de América. Para tanto, na análise de América dedicamos atenção especial à estrutura da narrativa, mormente ao uso, pelo autor, de grande quantidade de fontes jornalísticas na confecção dessa obra, com o objetivo de dar a conhecer os modos de apropriação dessas fontes como expediente de construção da trama. A obra América foi escrita após a experiência de Monteiro Lobato nos Estados Unidos, nos anos de 1927 a 1930, quando o escritor trabalhou como adido comercial do Consulado do Brasil em Nova Iorque. Partimos do princípio de que os discursos artístico-literários produzidos por Monteiro Lobato não estão desvinculados de suas preocupações pragmáticas e profissionais, de editor e adido comercial. Desse modo, ao fazer este trabalho de Iniciação Científica, estudamos aspectos da produção literária lobatiana e das relações entre a literatura e a sociedade na qual ela foi produzida. O texto utilizado para a leitura é o da terceira edição de América (1937), da Companhia Editora Nacional. Quando necessário foi feito o cotejo também com a primeira edição (1932). Além disso, na realização do trabalho de pesquisa foram consultados artigos científicos que a orientadora tem produzido, sobre a mesma obra (Martins, Milena Ribeiro, 2008, 2010, 2011 e 2013), uma biografia crítica de Lobato (Azevedo, Carmen Lúcia de et alli, 1997), e obras teóricas de Linda Hutcheon, Gérard Genette, Robert Stamm, Júlia Kristeva, etc., que consituíram o instrumental para analisar e classificar as formas de apropriação realizadas por Lobato. O processo de composição de América envolve, inegavelmente, a transposição entre gêneros de notícias e extratos do meio jornalístico para o literário. Todavia, a presente pesquisa sinaliza que América não se constitui como uma colagem das traduções lobatianas de notícias de jornais, ou seja, um mero substituto dos textos fontes utilizados por Lobato. Analisando as possibilidades do processo adaptativo, verifica-se que a adaptação possibilita a criação de um produto cultural novo e distinto dos textos adaptados, respectivamente compreendidos como hipertexto e hipotextos, a partir da terminologia proposta por Robert Stamm (2006). Ou seja, reconhecemos antes as diferenças que as semelhanças entre estes hipotextos jornalísticos e o hipertexto representado por América.