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Título
UMA PROPOSTA DE TRADUCÃO POÉTICA DO DE RERUM NATURA III.830-1094
Aluno: Flavia Fróes da Motta Budant - PIBIC/Fundação Araucária - Curso de Letras - Port/Alem/Ital/Grego ou Latim (M) - Orientador: Rodrigo Tadeu Gonçalves - Departamento de Linguística, Letras Clássicas e Vernáculas - Área de conhecimento: 80209009 - Palavras-chave: poesia épico-didática; lucrécio; epicurismo.
Este trabalho tem como objetivo a apresentação de uma tradução poética de um trecho do livro III do De Rerum Natura, obra filosófico-poética escrita por Lucrécio. O De Rerum Natura, sobre a natureza das coisas, apresenta explicações racionais aos fenômenos naturais, baseadas na física, biologia e psicologia epicurista, tais como os choques das partículas, a formação das tempestades e as paixões humanas. Especificamente, o livro III fala sobre a natureza da alma - de animarum natura - e nele o poeta defenderá que a) a alma é material e, portanto, b) ela é mortal. Este livro possui 1094 versos, que Lucrécio ocupa com uma argumentação minuciosa, preocupada não apenas em estabelecer a mortalidade da alma, mas também em refutar as teorias concorrentes, como a da transmigração das almas, explicitada em Fédon, de Platão, por exemplo. A seção que nos interessa nesse projeto vai do v. 830 até o fim (v. 1094); é a parte em que o autor se empenha em construir uma retórica em torno das suas alegações de cunho "científico", com a prosopopeia da Natureza e a atribuição de discursos aos homens que creem no pós-morte, para depois censurá-los. Quanto ao método de tradução, ele se insere no contexto das traduções poéticas que têm se realizado pautadas no hexâmetro de Carlos Alberto Nunes, sob orientação do professor Rodrigo Tadeu Gonçalves, que já escreveu diversos artigos a respeito do assunto. O De Rerum Natura, como poema épico-didático, foi escrito em hexâmetros datílicos e a tentativa desse trabalho é, a partir de uma tradução baseada no original latino, reconstruir um esquema rítmico semelhante ao original. A recriação do ritmo poético latino da obra De Rerum Natura através de uma tradução para uma língua moderna, o português brasileiro, reforça a possibilidade de executar "transcriações" de poesia clássica para aproximar as leituras e seus efeitos. Diante da quase inexistência de traduções métricas, ou melhor, da ainda crescente iniciativa em traduzir baseando-se em ritmos originais do latim e do grego, a ideia de trazer um poema de cunho didático por meio desse método pareceu relevante, ainda mais por não existir qualquer tradução (acessível) do De Rerum Natura a não ser em prosa.