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Título
DA VIDA E DA MORTE: OS REGISTROS PAROQUIAIS COMO INDICADORES DA ORGANIZAÇÃO E DA HIERARQUIA SOCIAL EM TEMPOS PASSADOS E LOCAIS DISTANTES
Aluno: Francielle de Souza - PIBIC/CNPq - Curso de História (T) - Orientador: Martha Daisson Hameister - Departamento de História - Área de conhecimento: 70000000 - Palavras-chave: brasil colonial; registros paroquiais; hierarquia post-mortem.
O objetivo da segunda fase do projeto é investigar a distribuição espacial dos enterramentos de indígenas, pardos e escravos na jurisdição da paróquia do Rio Grande de São Pedro, atual cidade de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul; cujo recorte abrange da fundação da vila até a invasão dos castelhanos na localidade. Documento principal e fonte para esse estudo é o 1º Livro de Óbitos da Vila do Rio Grande (1738-1763), disponível em www.familysearch.com. Metodologicamente, fez-se a leitura paleográfica e transcrição do conteúdo, extraídos dados acerca dos falecidos que foram transpostos para tabelas do Excel especialmente construídas para esse fim, organizando-os em categorias como idade, sexo, condição social, local de origem e de enterramento. Analisaram-se quantitativa e qualitativamente. Como resultados obtidos, verificou-se que, dos 861 registros, 178 apresentam a identificação de escravo e oito de forros; 85 são identificados como indígenas de três etnias diferentes, Tape, Xarrua e Minuane. 42 registros não trazem esse dado. A parcela da população livre possui 417 registros. Foi constatada a pluralidade dos lugares utilizados para sepultamentos em Rio Grande, que incluía a igreja Matriz e outros tantos cemitérios e igrejas que acolhiam pessoas das mais diversas classificações sociais. Percebeu-se também que os locais não eram escolhidos de modo aleatório, havendo uma desigualdade nessa dispersão espacial que encontra correspondência nos critérios de classificação social e hierárquica com a qual a Igreja Católica compactuava, havendo locais preferenciais para o enterramento de cada um desses grandes grupos. Perceberam-se padrões do post mortem que indicam também a existência de hierarquias sociais internas a esses grupos, usualmente tidos como homogêneos. Conclui-se que houve um uso claramente diferenciado do espaço no post mortem e que tal uso guardava uma relação à ordenação social dos falecidos quando em vida, tais como com status social, jurídico, familiar ou étnico do falecido.