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Título
CASOS NEGROS E PARDOS DE MOBILIDADE ASCENDENTE ÀS VÉSPERAS DA ABOLIÇÃO (PARANÁ, 1880)
Aluno: André Gustavo Lescovitz Cunha - PIBIC/Fundação Araucária - Curso de História - Bacharelado (N) - Orientador: Carlos Alberto Medeiros Lima - Departamento de História - Área de conhecimento: 70505004 - Palavras-chave: eleições imperiais; listas nominativas; negros livres.
No Império, os requisitos para ser eleitor passavam pela renda, idade, autonomia profissional e tempo de permanência na região, o que se comprovava perante juntas de qualificação, que habilitavam votantes e eleitores (os primeiros escolhiam os segundos). Essas listas de qualificação contêm informações sobre a história social das localidades, como a renda, profissão, residência e filiação. A historiadora Hebe Mattos sustenta que o Brasil Imperial ainda era majoritariamente rural, com uma ampla mobilidade espacial de pessoas livres pobres. Era muito comum haver cidadãos migrantes, que buscavam constituir laços familiares aonde iam, com o intuito de fixar-se na terra. É um período em que há uma grande população de pardos e negros livres, que se locomovem nessas fronteiras móveis com os mesmos objetivos e que possuem relações sociais distintas, aonde sua cor é atribuída socialmente, dependendo de seu lugar dentro de uma comunidade. A constituição imperial não proibia a participação de negros e pardos livres nas eleições. O objetivo deste trabalho é identificar os filhos de negros e pardos livres dentro da esfera política do período, assim como seu perfil social, confrontando as informações presentes nas listas de qualificação de votantes da década de 1870 com informações contidas em listas nominativas feitas ao redor de 1830, buscando os possíveis pais destes votantes. No estágio atual da pesquisa só dispomos de informação sobre partes urbanas de Paranaguá, dando acesso a dados sobre os comerciantes que dominavam esse mundo camponês, consistindo esses nos primeiros resultados da pesquisa. Divididos entre atacadistas de erva-mate e varejistas do abastecimento interno de alimentos, dentre esses comerciantes, cerca de 10% detinha mais de 2/5 da renda, o que mostra que era um grupo profissional extremamente hierarquizado, indicando que o restante da sociedade era ainda mais desigual.