0660

Título
MECANISMOS ESPINHAIS ENVOLVIDOS NA INTERAÇÃO ENTRE RECEPTORES OPIÓIDES E ALFA-2 ADRENÉRGICOS

Aluno: Helena da Veiga Koehler - PIBIC/CNPq - Curso de Ciências Biológicas (M) - Orientador: Luana Fischer - Departamento de Fisiologia - Área de conhecimento: 20702019 - Palavras-chave: receptores µ opióides; receptores alfa-2 adrenérgicos; nocicepção - Colaborador: Vinicius Guilhen, Claudia Gissi da Rocha Ferreira, Luana Fischer.

A infusão espinhal de agonistas alfa-2 adrenérgicos reduz a dor pós-operatória e é um procedimento comum no âmbito hospitalar. No entanto, os mecanismos responsáveis pela analgesia induzida por essas drogas durante o período que se segue a uma intervenção cirúrgica ainda são pouco compreendidos. Em nosso laboratório, recentemente padronizamos um modelo animal de dor pós-operatória para estudo de tais mecanismos. Demonstramos que a clonidina, um agonista alfa-2 adrenérgico amplamente utilizado clinicamente, reduz a hiperalgesia que se segue a uma incisão cirúrgica na pata traseira de ratos. O objetivo deste estudo foi investigar a participação de receptores opióides e colinérgicos muscarínicos no efeito antinociceptivo induzido pela clonidina. Foram utilizados ratos da linhagem Wistar (180 - 200g). Sob anestesia induzida e mantida pela inalação de oxigênio e isoflurano (1,5 - 4%), os animais foram submetidos a uma incisão cirúrgica na pata traseira, com o objetivo de induzir resposta hiperalgésica pós-incisional utilizada como modelo de dor pós-operatória. Imediatamente antes da incisão, os animais receberam administração (10ml) de veiculo (0,9% NaCl) ou clonidina (120mg) e veículo, antagonista de receptores opióides (naloxona 15 ou 30 mg) ou muscarínicos (atropina 30mg) no espaço subaracnóide lombar (entre L5 e L6) da medula espinhal. A resposta hiperalgésica foi quantificada através de analgesímetro digital (von Frey eletrônico), duas e vinte e quatro horas após a cirurgia. Os dados foram analisados por Anova de duas vias com medidas repetitivas, p < 0,05. O limiar nociceptivo mecânico (50,6 + 0,6g) foi significativamente reduzido após a incisão cirúrgica na pata traseira caracterizando a resposta hiperalgésica pós-incisional (7,9 + 0,4g; 14,0 + 0,5g, medidas obtidas 2h e 24h após a cirurgia, respectivamente). Tal resposta foi significativamente reduzida pela administração de clonidina (40,83 + 0,9g; 35,39 +1,1g, medidas obtidas 2h e 24h após a cirurgia, respectivamente). A administração de naloxona diminuiu significativamente (23,43 + 1,2g; 24,74 +1,6g, medidas obtidas 2h e 24h após a cirurgia, respectivamente) o efeito antinociceptivo da clonidina. A administração de atropina também diminuiu significativamente (18,0 + 0,7g; 22,2 + 0,3g, medidas obtidas 2h e 24h após a cirurgia, respectivamente) o efeito antinociceptivo da clonidina. Tais resultados sugerem que receptores opióides e colinérgicos muscarínicos medeiem parte do efeito antinociceptivo espinhal induzidos por agonistas alfa 2- adrenérgicos.