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Título
CATAMARE: RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E O TRABALHO DOS CATADORES EM CURITIBA
Aluno: Marcos Beghetto Penteado - PET - Curso de Ciências Sociais (M) - Orientador: Ricardo Cid - Departamento de Ciências Sociais - Área de conhecimento: 70200009 - Palavras-chave: material reciclável; gestão pública; cooperativa catamare - Colaborador: Karine Concentino Guerreiro, Barbara Ribas Maciel.
Em Curitiba, números extra-oficiais indicam que há 15000 pessoas relacionadas com a coleta de material reciclável. Estes catadores trabalham na rua recolhendo o material ou nas cooperativas que recebem o lixo nos seus galpões, que chegam lá por três maneiras: pelo programa da prefeitura Lixo que não é Lixo, através de empresas parceiras da cooperativa e através dos catadores associados à mesma. O material é então separado, processo que transforma o lixo em produto comercial. Nesses galpões os cooperativados conseguem valorizar o material da coleta seletiva e o próprio trabalho. Estes catadores estão envolvidos com diversas instituições e políticas de gestão dos resíduos sólidos: Instituto Pró-Cidadania de Curitiba; Secretaria Municipal do Meio Ambiente; Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável; Projeto Eco-cidadão, criado em 2007, que organiza a formalização das associações de catadores de materiais recicláveis, também cede galpões de trabalho para as cooperativas, investe em infra-estrutura e busca melhores condições de trabalho e renda. Desde 2013, passou a ser gerenciado pelo IPCC, uma organização civil, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que desenvolve programas sociais. Por mais que o IPCC se diga um agente que beneficia o trabalho dos catadores, que procura garantir a melhor oferta de produtos, o MNCR o contradiz, indicando um conflito entre catadores e gestores. Para os gestores, a formalização promove geração de renda e melhoria na qualidade de vida. Para o MNCR, a burocratização da atividade faz com que percam autonomia, além de ser uma forma de controle institucional dos lucros gerados na cadeia produtiva do lixo. O MNCR, de fato, denuncia o IPCC por atuar como um "atravessador" nas negociações sobre o material; segundo eles, o IPCC compra, beneficia o mesmo em unidades de beneficiamento e vende o material por um valor maior, ficando com os lucros. Tendo em vista esse conflito, esta pesquisa tem por objetivo caracterizar as relações entre a cooperativa CATAMARE (participante do projeto Eco-Cidadão) e as instituições citadas, analisando os diferentes posicionamentos que opõem catadores cooperativados, gestores e mediadores, buscando os diferentes pontos de vista e as consequências dessa relação na vida do catador. Para isso, a metodologia empregada envolve o levantamento bibliográfico; o mapeamento institucional; trabalho de campo na cooperativa CATAMARE, na central de compra de recicláveis de Pinhais (PR) e nas demais instituições ligadas ao processo do material reciclável de Curitiba.