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Título
ARTE/ ARTESANATO: PRODUÇÃO ARTÍSTICA E SOCIALIDADE ENTRE OS POVOS INDÍGENAS NO PARANÁ
Aluno: Augusto Barbosa da Silva - PIBIC/UFPR-TN - Curso de Ciências Sociais (M) - Orientador: Miguel Alfredo Carid Naveira - Departamento de Antropologia - Área de conhecimento: 70301000 - Palavras-chave: perspectivismo; tânia stolze lima; eduardo viveiros de castro.
A região etnográfica da Amazônia é marcada por uma preeminência de aspectos simbólicos particulares a essa região, com destaque para o corpo e os processos sociais que o envolvem (Seeger et. al, 1979). Dentre tantos outros o perspectivismo ameríndio talvez seja o conceito que melhor sintetize essa particularidade. O termo, que vem rendendo discussão para além das fronteiras da antropologia, foi proposto conjuntamente por Eduardo Viveiros de Castro e Tânia Stolze Lima em dois artigos de 1996 publicados na mesma edição do mesmo periódico: "Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio" de autoria do primeiro e "O dois e seu múltiplo: reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia tupi" de autoria da segunda. O que este trabalho propõe é explorar as peculiaridades no uso do mesmo conceito, "perspectivismo ameríndio", conforme feito por seus idealizadores. Para tanto foi realizada uma leitura cuidadosa de ambos os textos, recorrendo a publicações posteriores caso estas venham a contribuir para elucidar o problema. Descobertas preliminares revelaram alguns afastamentos com relação a pontos importantes dentro da teoria como por exemplo o peso diferente atribuído a assuntos como xamanismo, arte, caça e alimentação. Isso será mais bem demonstrado através de um estudo mais focado no papel da perspectiva humana em meio às relações possíveis dentro do cosmos ameríndio. Escolhemos este como eixo de análise pois leituras preliminares revelam que constitui um importante objeto de discussão entre os dois teóricos por nós escolhidos: de um lado para Viveiros de Castro o ponto de vista humano parece muito mais equilibrado com relação aos componentes não humanos da teoria. Possivelmente esta particularidade configura uma teoria informada em alguma medida pela experiência de campo do autor entre os Araweté, grupo que deu origem à etnografia "Araweté: os deuses canibais" onde se sobressai o xamanismo analisado em seus aspectos rituais, nos cantos e em outras expressões artísticas e materiais que funcionam como mediadores efetivos na relação dos Araweté com suas divindades e com os mortos. Lima por outro lado ocupa-se do povo Yudjá da família linguística Juruna em sua etnografia "Um peixe olhou para mim: o povo Yudjá e a perspectiva" na qual reporta o lugar privilegiado ocupado pela perspectiva humana, dimensão melhor resumida na expressão nativa "sabedoria humana".