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Título: Lazer de cegos entre os binômios da inclusão/exclusão
Coordenador: Rogério Goulart da Silva
Vice-coordenador: Maria Regina Ferreira da Costa
E-mail: rogeriodeporto@gmail.com
Setor do coordenador: Setor de Ciências Biológicas
Docentes participantes: Ruth Eugenia Cidade
Alunos Bolsistas: Igor Furtado Alencar
Área temática: Direitos Humanos e Justiça
Resumo:
Este projeto desenvolveu atividades de esportes aos alunos do Instituto Paranaense de Cegos no intuito de compreender quais os sentidos explorados destes grupos e em que medida os sujeitos aderem e rechaçam discursos institucionais sobre esportes adaptados. Para trabalhar com os fenômenos que marcaram o dia-a-dia das experiências de cada indivíduo nos baseamos no método biográfico-narrativo. Com a integração dos jogos reconstruímos métodos de trabalho visando atendimento das pessoas em sua singularidade já que as diferenças físicas e culturais estratificaram os grupos. Durante a convivência com os alunos cegos foi possível perceber mudanças na confiança, na estima e nos relacionamentos daqueles que participaram ativamente das atividades propostas. Os inativos, no entanto, sucumbiram gradativamente à solidão e depressão. Como a ideia não era forçar ninguém às atividades, buscamos compreender o histórico de cada indivíduo e as formas como o Estado lida com as necessidades especiais. Dos sentidos explorados pelos bolsistas houve enriquecimento da relação pedagógica do cuidado e da espera do tempo de cada aluno. Pois, se do tema inclusão não se pode esperar empenho do Estado, há que desenvolver formas de relação com os alunos para entender o contexto e as condições específicas destes. Cabe salientar que o estado e a universidade prometem a redenção dos indivíduos objetivando que se tornem sujeitos críticos e analíticos sob a estampa do diálogo e da participação social. Entretanto, mesmo vislumbrando, através das instituições, uma sociedade autônoma e emancipada, é nos asilos e institutos de educação especial que perduram e se reproduzem discursos e práticas excludentes e de normalização do diferente. Tendo presente nuances psicossociais que envolvem a cegueira e outras necessidades dos alunos, e o fracasso social diante destas questões, ainda é possível desenvolver trabalhos profícuos, mas não visíveis em termos de números ou estatísticas governamentais. No contexto dos atletas participantes do projeto, a maioria se transferiu para o norte do país onde o patrocínio possibilitou melhores condições de vida. A mudança no grupo renovou o trabalho de todos os envolvidos. Entretanto, na realização deste projeto, observou-se estagnação institucional no que tange cuidados específicos e também falta de profissionais qualificados. Por outro lado, observou-se evolução acadêmica dos bolsistas na abordagem do esporte com cegos e cadeirantes refletida no desempenho acadêmico destes na universidade, bem como no amadurecimento pessoal e profissional.
Palavras-chave: cegueira, lazer, cidadania.