AVALIAÇÃO DE MUDANÇAS TÉCNICAS RECENTES NOS SISTEMAS SOCIOECOLÓGICOS PESQUEIROS DO LITORAL NORTE DO PARANÁ
Aluno de Iniciação Científica: Andrea Gomes Chalbaud Biscaia (PIBIC/CNPq)
Curso: Zootecnia
Orientador: José Milton Andriguetto Filho
Colaborador: Tiago Vernize Mafra, Luiz Francisco Ditzel Faraco
Departamento: Zootecnia
Setor: Ciências Agrárias
Palavras-chave: Pesca artesanal , Mudança técnica , Sistemas pesqueiros
Área de Conhecimento: 90191000 - MEIO AMBIENTE E AGRÁRIAS
As mudanças socioambientais de caráter global, como as mudanças climáticas e a nova governança ambiental, impactam localmente os sistemas produtivos da pesca de pequena escala através de fatores como a legislação e a competição com a pesca industrial. Com o objetivo de analisar as relações entre as políticas públicas, as práticas de gestão da biodiversidade e a vulnerabilidade da pesca de pequena escala às mudanças globais, o Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR desenvolveu um projeto de pesquisa em três contextos socioecológicos costeiros do sul do Brasil: as regiões de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, e da Baía de Babitonga e da Resex de Pirajubaé, em Santa Catarina. Como parte deste projeto, o presente trabalhou examinou mudanças técnicas dos sistemas pesqueiros da região de Guaraqueçaba entre 1998/99 e 2011. Compararam-se dois conjuntos de informação relativos aos dois momentos históricos: 1) um banco de dados com 78 questionários domiciliares aplicados em 1998 e 99 nas vilas de Piassagüera e da Barra do Superagüí, e 2) os resultados de outro componente do projeto, obtidos a partir de um monitoramento participativo da pesca em 2009 e da aplicação, em 2011, de 211 questionários em dez vilas do mesmo sistema pesqueiro. Não foram detectadas mudanças na lista de espécies capturadas para o conjunto das vilas, mas, enquanto a Vila das Peças foi a de maior diversidade em 2011, com 24 espécies, Piassaguera capturava ao menos 36 espécies em 1999. A queda na riqueza de espécies parece real, pois o levantamento de 2011 foi mais detalhado, e Vila das Peças é uma comunidade maior, que pesca em mais ambientes (estuário e plataforma) do que Piassaguera. Quanto aos petrechos, em 1998/99 o tamanho máximo da malha em redes de fundeio foi de 35 cm, contra 22 em 2011. Por outro lado, a gaiola para baiacu, hoje muito comum, quase não era usada antes. O numero médio de apetrechos por domicílio não passou de seis em 1998/99, contra valores de até 30 em 2011. A frequência de ocorrência dos principais apetrechos, e a de domicílios sem nenhum apetrecho, se mantiveram. Na composição da frota, a mudança notável é o aparecimento das canoas de fibra, antes ausentes e hoje respondendo por 3% da frota. Também não são aparentes mudanças na faixa de potência dos motores. Embora várias das características tenham se mantido, os resultados sugerem intensificação da atividade pesqueira, e mudanças indesejáveis na composição das capturas, alterações coerentes com o atual quadro de pressões que estes sistemas sofrem.