TRANSGRESSÃO E PROFANAÇÃO EM BIOGRAFÍA ILUSTRADA DE MISHIMA

Aluno de Iniciação Científica: Simeia Grasielle Ferreira de Oliveira (IC-Voluntária)
Curso: Letras - Espanhol ou Português com Espanhol
Orientador: Isabel Cristina Jasinski
Departamento: Licenciatura em Artes
Setor: Campus Litoral
Palavras-chave: Mario Bellatin , Literatura Mexicana , pós-modernidade
Área de Conhecimento: 80208002 - LITERATURAS ESTRANGEIRAS MODERNAS

A pesquisa procura analisar a obra Biografía Ilustrada de Mishima, do escritor mexicano Mario Bellatin, publicada em 2009. Através da figura de Yukio Mishima, o autor realiza um jogo de posições expressivas, que aspira questionar a escritura em contraponto com a tradição literária. A narrativa fundamenta esta reflexão a partir da ideia de que a literatura deve desequilibrar os padrões estabelecidos pela tradição. Em Biografía Ilustrada de Mishima é possível identificar o movimento narrativo que transgride a demarcação da "biografia", problematizando as fronteiras entre os gêneros literários. Mario Bellatin explora os pressupostos deste gênero, que colocam a verdade e a possibilidade de comprovação dos fatos como principal objetivo narrativo, a favor do falseamento. Ao lançar mão do personagem Yukio Mishima, como protagonista  desta "biografia fantasma", e da fotografia, como instrumento de confusão e não como documento portador de verdade, Bellatin nos indica o caminho para compreender sua escritura. Sabemos que se os pressupostos do gênero, que vinculam  o biografado e a fotografia à realidade, não serão obedecidos, o que leremos não será uma exposição das experiências vividas pelo escritor japonês, mas sim um sacrifício do gênero literário em favor da autonomia da obra literária. Desta forma, Yukio Mishima é tomado como símbolo literário e não como sujeito histórico, sua função no texto será a de desestabilizar a realidade objetiva e o universo ficcional, dando lugar às dúvidas e à indeterminação da fronteira entre realidade e ficção. Por fim, acreditamos que o gesto de Bellatin nesta obra se configura como um ato de profanação na medida em que sua escrita provoca um desvio da tradição através do sacrifício de pressupostos teóricos que podem engessar o caminho do escritor.

 

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