LA FAMILIA DE PASCUAL DUARTE: A AUTOBIOGRAFIA COMO ESTRATÉGIA DE REPRESENTAÇÃO DE ALTERIDADE NA GUERRA CIVIL ESPANHOLA
Aluno de Iniciação Científica: WAGNER MONTEIRO PEREIRA (PIBIC/Fundação Araucária)
Curso: Letras - Espanhol ou Português com Espanhol
Orientador: Rodrigo Vasconcellos Machado
Departamento: Letras Estrangeiras Modernas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: literatura espanhola , guerra civil espanhola , Camilo José Cela
Área de Conhecimento: 80208002 - LITERATURAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
La familia de Pascual Duarte é uma obra fundamental para quem quer entender o período pós-guerra civil espanhola - a Guerra Civil Espanhola foi um conflito bélico de 1936 a 1939. Compreendemos como pós-guerra civil, o período compreendido pelas décadas subsequentes, mais precisamente as de quarenta e cinquenta do século XX -, já que seu enredo se passa nessa fase da história. Outrossim, como assinala HOBSBAWM, 2011, a guerra civil foi fruto de um movimento que começou muito antes na Europa, no começo do século, com o advento do fascismo. Com a guerra e sua destruição, escritores como Max Aub, Carmen Laforet e, principalmente, Camilo José Cela retratam seu país através de um relato duro, que explicita a realidade pela qual se passava. Entretanto, La familia de Pascual Duarte não é só um retrato do período que ficou conhecido como a pós-guerra. Há nessa obra um pacto autobiográfico (LEJEUNE, 1991) que apresenta a confissão do protagonista e que o mostra "movido e dominado pelas paixões e, por essa razão, marcado pela sua tragicidade". (HERVOT, 2009). Ou seja, através do pacto autobiográfico fictício (Pascual Duarte é apenas um personagem fictício), Cela desenha a catarse pela qual Pascual Duarte passa. Uma história narrada pelo protagonista do cárcere, após receber a condenação de morte. Ali, Pascual seleciona os fatos que contará, para provar que "não é mau, ainda que não faltassem motivos para ser". Pascual tenta mostrar que os três assassinatos que cometera foram provocados por motivos externos que moldaram seu caráter, desde um ambiente marcado pela mentira e pela violência, até a criação em uma família de seres animalizados (DURÁN, 2000). Seria esse protagonista fruto de uma sociedade ruída? Sim. Mas reduzi-lo a um boneco movido pela situação do país é reducionista. Devemos observar o viés existencialista que se revela através de seu discurso, para desvendar a verdadeira identidade de Pascual e refletir sobre a alteridade da cultura espanhola.