LITERATURA MUNDIAL E TRADIÇÃO INTERNA: GUIMARÃES ROSA E O ROMANCE DE 30 - LETRAMENTO E ILETRAMENTO EM SÃO MARCOS

Aluno de Iniciação Científica: Gregg Bertolotti Stella (PIBIC/Fundação Araucária)
Curso: Letras - Inglês (N)
Orientador: Luís Gonçales Bueno de Camargo
Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Guimarães Rosa , Inglês de Sousa , Feitiçaria
Área de Conhecimento: 80206000 - LITERATURA BRASILEIRA

A pesquisa tem como base os contos São Marcos (parte de Sagarana, publicado originalmente em 1946), de João Guimarães Rosa, e A Feiticeira (parte de Contos Amazônicos, publicado originalmente em 1893), de Inglês de Sousa. A partir da leitura e análise desses textos, buscou-se, num primeiro momento, encontrar elementos que possibilitassem sua aproximação. O objetivo dessa primeira etapa era identificar pontos comuns que pudessem, ainda que de forma incipiente, representar uma espécie de "unidade". O que o desenvolvimento da pesquisa demonstra é ser perfeitamente cabível a suposição de que há continuidades entre a obra de Guimarães Rosa e a tradição da ficção brasileira, mesmo quando a proposta de aproximação envolve um autor muito "distante" (em termos espaciais e temporais) e, pelo menos a princípio, muito diferente. No caso específico dessa pesquisa, o objetivo é aproximar Guimarães Rosa e Inglês de Sousa por meio da identificação de uma comum insistência (talvez necessidade) de se debruçar (valendo-se, em alguns casos, dos mesmos elementos) sobre questões que florescem justamente no choque entre as diferentes "realidades" que coexistem num mesmo espaço, embora sejam muito evidentes as diferenças de cenário e as particularidades estruturais presentes em cada um dos textos. O elemento escolhido para servir de base para tal tarefa, dentre todas as possibilidades, foi a feitiçaria - por motivos que vão muito além da óbvia similaridade que pode ser constatada num contato, ainda que superficial, com os enredos. A feitiçaria, em ambos os contos, figura como base para a elaboração de uma complexa caracterização do letrado e do iletrado – querendo com isso diferenciar aqueles cuja perspectiva é definida pela instrução formal e, mais do que isso, pelo prestígio que ela confere, daqueles que, por outro lado, não possuem tal vivência –, das distâncias que existem entre eles – distâncias que, muitas vezes, são representadas como conscientemente autoimpostas por ambos os lados – e, é claro, dos impactos que essa tensão gera sobre a estrutura do poder como é representado nos contos, um poder que se pretende moderno, mas que se demonstra incapaz de se desvencilhar de sua raiz patriarcal e que, quando convém, faz questão de ser inteiramente pessoal.

 

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