LITERATURA MUNDIAL E TRADIÇÃO INTERNA: GUIMARÃES ROSA E O ROMANCE DE 30 - FIGURAÇÕES DO ESPAÇO EM A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA E FRONTEIRA

Aluno de Iniciação Científica: Érica Ignácio da Costa (PIBIC/CNPq)
Curso: Letras - Inglês ou Português com Inglês
Orientador: Luís Gonçalves Bueno de Camargo
Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: espaço , Augusto Matraga , Fronteira
Área de Conhecimento: 80206000 - LITERATURA BRASILEIRA

A partir da análise do romance Fronteira de Cornélio Penna e do conto A hora e a vez de Augusto Matraga, que encerra o volume Sagarana, de João Guimarães Rosa, será feita uma abordagem sobre o espaço, levando em consideração a mútua influência ambientes/personagens. O casarão como elemento de repressão em Fronteira e o personagem Augusto estigmatizado pelo ambiente em A hora e a vez de Augusto Matraga são elementos que refletem a questão do espaço como capaz de alterar a percepção dos sentidos e as noções de identidade, alteridade e poder dos personagens. O confronto do romance Fronteira com o conto A hora e a vez de Augusto Matraga, especificamente em uma leitura sobre o espaço, surge por tal elemento saltar aos olhos na leitura de ambos os textos. Tanto o espaço em que as narrativas se desenvolvem em suas simbologias, o ficcional, como o espaço real, aquele que pode ser tomado por suas bases históricas, geográficas e sociais, aparecem presentes com força singular sobre o desenvolver das narrativas. Em Fronteira, Cornélio Penna cria um ambiente de fantasmagorias e loucura em um casarão, mas, sobretudo, um romance fundamentado em um espaço real e histórico, o estado de Minas Gerais. A paisagem e os personagens possuem estreita relação, e é de fundamental importância para a compreensão da dimensão da narrativa abarcar a função dos espaços, sejam estes as cadeias de montanhas, a cidade ou o próprio casarão. Em A hora e a vez de Augusto Matraga, o personagem central, Augusto, realiza mudanças geográficas que são seguidas por mudanças de pensamentos e razões. No início, o personagem faz parte do espaço e o domina; exerce naquele local poder e autoridade patriarcal, subjugando os demais personagens, e é apresentado como tendo seu território já dominado. No transcorrer da narrativa, mudanças de ambientes ficcionais decorrerão de mudanças de ambientes geográficos, assinalando a importância dos espaços. Assim, seguindo esta estrutura de análise, o que se pretende é unir as duas narrativas não por uma questão explícita em comum, mas através de uma leitura que diz respeito à noção de espaço como a mútua influência dos ambientes sobre os personagens e dos personagens sobre os ambientes.

 

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