CENAS DA VIDA ANIMAL: ANIMALIDADE X ANIMALIZAÇÃO NO GRANDE SERTÃO: VEREDAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Aluno de Iniciação Científica: Ana Carolina Torquato Pinto da Silva (PIBIC/CNPq)
Curso: Letras - Port/Alem/Ital/Grego ou Latim
Orientador: Paulo Astor Soethe
Departamento: Letras Estrangeiras Modernas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Animalização , Animalidade , Grande Sertão: Veredas
Área de Conhecimento: 80206000 - LITERATURA BRASILEIRA
Através do presente trabalho, pretendo dar continuidade a uma pesquisa previamente existente a respeito da temática da guerra em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. A pesquisa sobre os conflitos beligerantes no sertão de Rosa me encaminhou para novos questionamentos a respeito de um aspecto reincidente na magnífica obra: os limites existentes entre os seres humanos e os animais na sociedade sertaneja apresentada no romance. Em Grande Sertão: Veredas, é perceptível o uso de nomenclaturas referentes a animais para designação dos seres-humanos, assim como o uso de características animalescas para descrição dos mesmos.O embate entre o processo de modernização pelo qual passa o sertão de Rosa, e aspectos como estes, a animalização e a animalidade que ainda estão presentes na região, se torna tema fundamental do estudo que aqui proponho. Para chegar às conclusões pretendidas, farei uso de aparato teórico composto por obras referentes ao tema da pesquisa que julgo terem sido relevantes para Guimarães Rosa durante o processo de composição de Grande Sertão: Veredas. Como exemplo, as Enéadas de Plotino, de onde foram extraídos excertos utilizados por Rosa como epígrafe para seu "Corpo de Baile", publicado em 1956 (mesmo ano de publicação de Grande Sertão); em especial, a Enéada 1,1, tratado que explora os elementos metafísicos que compõem o homem e, também, os animais. Nessa análise, também procurarei a análise de animais através de olhos literários muito caros ao próprio Rosa, os de Rainer Maria Rilke, cujos poemas "A Pantera" e a "8ª elegia" (parte das Elegias de Duíno - 1923), retratam a observação externa e interna do mundo animal feita pelo poeta alemão. Dessa forma, será possível fazer um paralelo referente a abordagem literária dos textos concebidos por Guimarães Rosa e também por Rainer Maria Rilke, tentando estabelecer conexões entre as maneiras de perceber o mundo animal e suas relações com o mundo dos homens. Assim, a possibilidade de aproximação de uma resolução sobre o porquê da presença dos aspectos animalescos em Grande Sertão: Veredas poderá acrescentar aos estudos rosianos um novo caminho a ser discutido.