LITERATURA, ALTERIDADE E TRADUÇÃO NA OBRA DE JOHANN GOTTFRIED HERDER
Aluno de Iniciação Científica: Daniel Martineschen (IC-Voluntária)
Curso: Letras - Port/Alem/Ital/Grego ou Latim
Orientador: Mauricio Mendonça Cardozo
Departamento: Letras Estrangeiras Modernas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: literatura , tradução , alteridade
Área de Conhecimento: 80205003 - TEORIA LITERARIA
Tendo como horizonte o estudo do pensamento tradutório de Johann Gottfried Herder (1744-1803), este plano de trabalho tem por objetivos realizar um amplo levantamento bibliográfico das reflexões de Herder nesse eixo temático e investigar em que medida seu pensamento se aproxima e/ou se distancia de uma compreensão da literatura e da tradução numa perspectiva relacional. A partir da edição de suas obras completas (publicada em 1985 e organizada por Ulrich Gaier) e com o apoio de textos críticos sobre o autor (sobretudo a tese de doutoramento de Andreas Kelletat de 1982), procedeu-se primeiramente a um levantamento dos escritos que tematizam direta ou indiretamente questões de tradução. Esse levantamento resultou na construção de um corpus de referência, que compreende cerca de 35 textos, concentrados sobretudo nas décadas de 1770 e 1780. Num segundo momento, com base na análise desse corpus e de um recorte de sua fortuna crítica, constatou-se que o pensamento tradutório de Herder esteve sempre ligado a questões referentes a literatura. Num terceiro passo da pesquisa, a partir da leitura desses textos constatou-se uma nuance no pensamento tradutório de Herder, identificável na passagem da década de 1760 para a de 1770. Nota-se, numa primeira tendência, um entendimento da tradução como um meio limitado e deformador do acesso às literaturas estrangeiras (sobretudo a greco-romana), como expresso na conferência de Riga em 1764. A partir da década de 1770, sobretudo após sua viagem à França de 1769, Herder passa a considerar a tradução um instrumento produtivo para a recepção de literatura estrangeira, pois, nos casos em que se consegue preservar o "tom" da poesia, poderia trazer à língua alemã características marcantes da língua de origem. Essa visada de tradução se reflete ora em seus escritos teórico-críticos (como resenhas de tradução, prefácios ou escritos teológicos), ora em sua prática tradutória, notadamente na coletânea de canções populares e na tradução dos Cânticos dos cânticos. Por fim, o trabalho resulta numa seleção de textos representativos tanto da reflexão tradutória de Herder em geral, quanto das duas tendências identificadas acima.